domingo, 25 de julho de 2010

[nocturno africano] que as fotos nunca poderão captar


À noite, em Iapala, há qualquer coisa de fantástico e de arrebatador na atmosfera da varanda, debaixo de um céu benzido pelo Cruzeiro do Sul. Ouvem-se os sons da noite da estação seca, as folhas dos coqueiros parodiando a chuva, as corridas dos cães nas suas horas de liberdade, que as Irmãs tinham, por graça, ensinado a compreender ordens em Macua: mukilate! e sentavam-se, prazenteiros. Ouve-se o som dos batuques até de madrugada, o ritmo das danças, as vozes inesperadamente melodiosas dos cânticos, entrecortados pelo alarido das mulheres.


Ao longe adivinha-se a silhueta do monte Iapala, um colosso em ogiva que encobre uma parte do firmamento e que se ilumina aqui e ali, em labaredas que parecem ter vida própria, queimadas que se vão extinguindo por si, sem que ninguém as apague, apenas para se reacenderem noutro local na noite seguinte, e fogueiras com famílias inteiras reunidas em seu redor.

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