O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental de Moçambique confirmou esta semana ter autorizado a empresa de fundição de alumínio, Mozal, localizada nos arredores de Maputo, a operar com emissão directa de gases tóxicos produzidos nas suas actividades durante os próximos seis meses, período previsto para a conclusão do processo de substituição dos filtros das emissões de gases. Fê-lo ignorando todos os alertas dos ambientalistas e da comunidade internacional para o perigo deste tipo de operações. Depois de cerca de um mês de suspense, o governo cedeu às pretensões da Mozal, alegando ter recebido estudos conclusivos que afirmam que não haveria danos para o ambiente, uma vez que os níveis de poluição seriam mínimos (!).
Durante os próximos seis meses, as comunidades circunvizinhas da fábrica, até um raio de 40 km, segundo os ambientalistas, estarão expostos a diversos tipos de poluentes, desde fluoretos até dióxido de enxofre e dióxido de azoto, que podem provocar doenças respiratórias agudas e crónicas, irritação da visão e até doenças neoplásicas (cancro). Fontes de algumas comunidades residentes próximo à Mozal, afirmam que a empresa prometeu, durante uma acção de consulta popular, disponibilizar meios para o transporte de possíveis afectados que necessitassem de tratamento hospitalar, auxiliar na sinalização rodoviária nos momentos em que a visibilidade ficasse prejudicada e irrigar as plantas de cultivo caso ficassem "empoeiradas"!
Isto é absolutamente inacreditável! Fiquei doente quando li esta notícia em vários jornais, incluindo o Savana e pior ainda quando percebi que, entre os afectadas pelos efeitos directos da poluição estarão certamente os meus meninos da Casa do Gaiato de Maputo, os grandes responsáveis pela minha paixão por Moçambique, que vivem a poucos quilómetros desta fábrica.
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