Tenho apenas uma certeza. É que te deixei um tesouro. É verdade isto que te digo! Talvez um dia o compreendas, não agora, que sei que o desconforto ainda não se foi. Aquilo de mais precioso que te deixo não são as recordações do que vivemos, por mais bonito que tenha sido, mas a verdade que viste nos meus olhos quando te reflectiam, e a minha confiança inabalável em ti. Eu sei, não acreditavas nessa imagem de perfeição. Era um disparate, dizias. Era um delírio meu, pensavas. Talvez em algum momento tenhas quase acreditado, não sei. Mas isso é tão irrelevante... A única verdade é que tu gostavas dessa imagem. E é esse o motor de todas as vidas. E também o rumo e o sentido de todas elas: a vontade de se assemelhar a uma imagem reflectida.
De resto, deixo-te o que não vivemos. Acrescentado de um bocadinho de flor-de-sal: a convicção de que terias sido capaz. E que portanto é possível. Não comigo, obviamente, que já não estarei aqui. Mas tenho uma fé indestrutível de que vais ser feliz!
[Variações de Raoul Follereau]
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