segunda-feira, 28 de novembro de 2011

[vozes brancas* #55] ...e o sono que teima em não chegar

Um amigo meu e a sua filha de dois anos e meio, que bocejava, bocejava, esfregava o nariz, cambaleava, mas pertinazmente - ou não tivesse precisamente dois anos e meio - lutava contra o sono para brincar mais um bocadinho com a sua cozinha, os seus tachos, os seus tupperwares e as suas panelas. Escusado será dizer que a sua cozinha, os seus tachos, os seus tupperwares e as suas panelas eram precisamente a cozinha, os tachos e etc. do resto da família, que isto de se ter dois anos e meio faz com que as cores do mundo real exerçam um fascínio muito mais irresistível do que os brinquedos...

E o meu amigo perguntava-lhe, também já ele bocejando:
- M., meu amor, não tens soninho?
- Hum...
- M., estás a abrir a boca tantas vezes e já estás quase deitada...
- Sim, tem sono...
- Então vamos dormir?
- Nããão...
- Mas tu tens sono, estás aí a abrir a boca tantas vezes...
- Mas a M. só tem sono na boca, não tem sono nos olhinhos...

* Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.

2 comentários:

  1. Querida BdM,
    Que ternura! Fez-me lembrar o filho de um amigo, que um dia pediu ao pai que tirasse o sol da sopa.
    Um sorriso soalheiro!

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  2. Tirar o sol da sopa? Lindo, Bê! :)

    (um) beijo de mulata

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