segunda-feira, 21 de novembro de 2011

[ser fashion no mato] tanta roupa e nada para vestir...





Capulanas e o costureiro da vila...
(Fotos da net)

(Repost. Porque sim...)

E se de repente, no meio da savana, a atacar o vírus do armário vazio, vulgarmente designado por "ai-que-não-tenho-nada-para-vestir-que-me-fique-bem"? E se essa sensação não for devidamente saneada e evoluir para um "ai-que-gostava-tanto-de-ter-uns-trapinhos-iguais-aos-da-Dona-Marilinda-que-lhe-assentam-tão-bem-e-ela-até-tem-um-corpo-parecido-com-o-meu"? Pois... isto do voluntariado, da frugalidade e do em-roma-sê-romano é muito bonito e na esmagadora maioria dos dias funcionava, mas consigo recordar-me nitidamente de uma ocasião em que a loira que há em mim soltou as garras, rasgou a minha fina capulana de força de vontade e saltou cá de dentro.

E então aconteceu. Foi no Gilé, Zambézia. No meio do mato. Sentia-me despida, totalmente sem graça e nem na loja do Sr. Pompisk deveria haver algo que me pudesse valer naquele momento de angústia feminina. Saí do hospital à hora de almoço. Era cedo. Nesse dia tinha, miraculosamente, havido menos movimento. Fui até ao mercado com uma vaga esperança de encontrar algo de que gostasse.

Qual não foi o meu espanto quando dei de caras com várias mamãs do hospital, que tinham tido a mesma ideia que eu (nada de extraordinário haveria nisto, não fosse dar-se o caso de estarem internadas...). Sorri-lhes ao de leve, sem saber se as havia de cumprimentar ou dar-lhes um raspanete por terem saído do hospital... De qualquer modo não era nada que me espantasse desde o dia em que tinha encontrado ao meu lado na missa um senhor que estava internado com uma pneumonia. (Como a hora da medicação só era duas horas depois, tinha aproveitado para ir rezar...) E, bem disposta, comprei o que havia para comprar: capulanas, what else? Eram lindas - as mais bonitas que tenho, aliás -, e no dia seguinte fui trabalhar de alma lavada, com planos para mandar fazer um vestido com uma delas.

Quando apareci de capulana no hospital no dia seguinte, ouvi alguns risos e um coro de vozes brancas a dizer qualquer coisa em macua que não percebi. Voltei-me para as crianças e perguntei-lhes de que se riam. Respondeu-me uma das mais velhas:

- Estão a rir porque não sabiam que Doutora também é mulher!

(Lindo, pensei, para estas crianças só é mulher quem usa capulana! E até me ir embora tive sempre esta desculpa fantástica para comprar mais capulanas e andar sempre vestida com panos coloridos. Para não confundir as crianças...)

1 comentário:

  1. As capulanas são lindas, há tecidos com cores mto alegres e harmoniosas. Já há em Portugal quem faça negócio com as capulanas.

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