segunda-feira, 3 de abril de 2017
[o que vês da tua janela, beijo de mulata?] autismo e consciência
Ao fundo, bem antes da linha do horizonte, adivinha-se o Cristo Rei pintado de azul, por ser o dia mundial da consciencialização do autismo.
A propósito do tema, e porque tem um menino na turma com autismo, o baby interessou-se pelo assunto. Expliquei-lhe o que sente um menino com autismo perante os estímulos normais do dia-a-dia. E perguntou ele, sempre com as suas preocupações metalinguísticas:
- Mas porque é que se chama, autismo, mãe? Devia chamar-se "esmagadismo", porque os meninos se sentem esmagados pelos sons, pelas luzes e pelas caras das pessoas.
- Pois, mas como é muito difícil para eles perceberem o que as outras pessoas estão a sentir ou a tentar comunicar, ficam muito fechados em si mesmos, daí o nome autismo, ou seja, "em si mesmo", percebeste?
- Mãe, eu tinha autismo quando era pequeno? [De facto, em tempos teve esse diagnóstico...]
- Não, querido, quem te disse isso?
- Ninguém, mãe, é só que me lembro que quando era pequeno era tudo muito forte para mim. [Como é que é possível, valha-me Deus, que ele tenha consciência disso?]
- Não filho, claro que não, é só que eras muito bebé...
- E o autismo passa?
- Às vezes, quando é muito fraquinho, pode passar. Outras vezes só melhora mas não passa.
- Como o João? Ele já está muito melhor, agora até já fala e antes não falava.
- Sim, como o João, filho. Boa noite.
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