Houve tempos em que a viagem dos meus sonhos era ir até às plantações de chá do Gurué, perto das margens do rio Zambeze.
Um dia hei-de voltar... com o baby-de-mulata e Mr. Shaka e os que mais vierem!
(Gurué, Zambézia)
Como pano de fundo, o verde arrebatador e o mito da origem do primeiro homem ali mesmo, nas nascentes do Monte Namúli. Segundo a lenda macua-lomué, foi precisamente nesta montanha que a humanidade teve origem, e o primeiro homem terá surgido numa madrugada, germinado nas raízes de um embondeiro e, depois de beber das águas perfumadas das montanhas*, desceu calmamente em direção à planície e começou a espalhar a sua semente pelo mundo.
Hoje em dia, o Monte Namúli está envolto em mitos e tabus... Diz-se que só se pode subir depois de uma cerimónia longa e difícil levada a cabo por um régulo e com permissão dos antepassados, depois de rezas, oferendas e respeitos. Segundo o mito, e à maneira deliciosamente macua, o guardião do Monte Namúli começa a falar com os viajantes incautos de tal forma rápido que estes se baralham e nunca mais conseguem encontrar o caminho para casa...
(Adenda, por respeito à Prof. Doutora Ruiva, amiga deste mato: gostava que existisse um mito de origem da primeira mulher, mas suspeito que o primeiro homem macua se teve de desenrascar sozinho...)
*Que séculos depois alguém venderia sob a designação comercial genericamente inflacionista de águas gourmet
A Professora Doutora Ruiva (que se tudo correr bem e os xicuembos deixarem será Doutora, assim por extenso e com D maiúsculo e tudo, ainda este ano) pensou precisamente nisso. E abriu um sorriso do tamanho do Monte com a tua adenda. Presumo, minha amiga, que, infelizmente (porque a imagética primordial teria sido muito mais agradável e eficiente também com uma mulher ao barulho), este terá sido mais um dos muito interessantes trabalhos manuais que por ali se fazem.😂
ResponderEliminarÉs um doce.
Beijos do lado de cá.