Há por todo o país uma bela e pequena flor que cresce na orla marítima e parece ter particular apetência por se desenvolver nas muralhas dos velhos monumentos portugueses. Vejo-a nas paredes da fortaleza de Maputo, no adro da catedral, nas torres do forte da Ilha de Moçambique.
Leona – filha de pai de Viseu e mãe da tribo Iao no Niassa – diz-me o seu nome. Chama-se a flor ‘beijo de mulata’. E esclarece-me que não é uma flor – são almas. As almas de milhares de crianças mulatas que nunca conheceram o seu pai português – e que, depois de mortas, o buscam ainda na forma de flor que se agarra às memórias do império. Escalam as paredes para, tentando chegar ao céu, se juntarem enfim ao pai.
Com a devida vénia a este senhor, que nos delicia com as suas caminhadas.
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