quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

[inspiração para uma despedida] requiem em mal menor


Girl with umbrella 
 (Street art by Banksy, New Orleans)

Menina, o céu às vezes vinha sacudir as nuvens sobre os teus olhos para que o teu corpo as temperasse de sal (ou de saudade, que é a flor-de-sal à tona da memória)... e então o teu corpo transbordava. E o céu chovia. Ou chuviscava, pelo menos, que dizem que a chuva molha-tolos reaviva as memórias delicadas e reaquece as recordações que teimam em esfriar...

Mas sabes, esta noite sentiste o sol queimar-te a pele e então percebeste que era o sal do teu corpo que estava exausto. Eu sei quando foi que aconteceu. Foi quando o céu deixou de chorar por ti. Agora podes escolher: ir ao fundo da memória e chorar sozinha, com o sal grosseiro e sujo que não se esgota, ou ser feliz, sob um céu sem nuvens. E chorar só de vez em quando, com a caixinha de flor-de-sal que guardaste para as memórias felizes.

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