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O Gilé, na Zambézia, é um distrito perdido no interior de Moçambique, com uma terra pouco fértil, um nível de analfabetismo quase a rondar os três dígitos, péssimos acessos, mas com um subsolo riquíssimo. Nas imediações há minas de ouro e de pedras preciosas (um dia hei-de me debruçar sobre esta aparente contradição...).
Na vila, próximo do meu hospital, vivia um ourives que trabalhava o ouro e as pedras preciosas dessas mesmas minas, que para as suas obras de arte se inspirava sobretudo em dois catálogos gentilmente cedidos pelas Irmãs de São João Baptista, um da Cartier e outro do Continente. Pois... inacreditavelmente, os modelos que tinham mais saída eram, de longe, os das bolinhas e argolinhas do Continente, que ele guardava amorosamente em pequenos saquinhos de comprimidos surripiados da farmácia do hospital...
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