quarta-feira, 21 de abril de 2010

[encantos de primeira vez em áfrica] querer voltar


Eu sempre tinha ouvido – e não acreditava – que África tem o dom do apelo, que quem a conhece quer sempre voltar... E a verdade é que África fica, África chama. África inflama! É lugar-comum nestas ocasiões falar-se romanticamente em feitiço ou em qualquer outra coisa de racional ou irracional, mas equivalente a feitiço. O feitiço de África... E eu, que sou uma mulher simples, sem quaisquer aspirações ao Nobel ou ao Prémio-Camões-pela-obra-de-uma-vida, não tenho a menor pretensão de fugir a lugares-comuns. Aliás, acredito piamente que foi o que aconteceu comigo...

Se alguma vez pensei que a minha experiência poderia ser uma aventura do tipo seen it, done it... got the t-shirt! estava muito enganada. Por acaso não tinha pensado, mas isso é totalmente irrelevante para o ponto de vista que estou a defender. E o desfecho teria sido exactamente o mesmo: a paixão é algo de mágico, fatal e inevitável.

Os meses que se seguiram à primeira estadia passei-os com uma saudade que me dilacerava e com uma sensação de perda que mal conseguia exprimir... Um ano depois decretei: Não, acabou-se! Não ia passar mais um ano naquela lamúria em dó de mim. Quando, por intermédio de um missionário amigo da minha família, entrei em contacto com as Irmãs de S. João Baptista em Moçambique e me disseram que me poderiam receber na Missão de Iapala (a 180 km de Nampula) para trabalhar no Centro de Saúde, foi como se tivesse ganho novamente a vida que me tinha escapado...

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