(Contextualizando: Em Cabo Verde, tal como em muitos países africanos, as crianças recebem um nome com que são registadas à nascença e que se torna o seu nome oficial mas, a par desse nome, existe o "nome de casa" pelo qual são sempre tratadas pela família e amigos. Habitualmente não respondem de imediato pelo nome oficial e só o utilizam para assinar papéis e em situações afins.)
Ora, certa vez, nos cuidados intensivos do meu hospital estava internada uma menina natural de Cabo Verde cujo nome era Sony e a quem a mãe chamava de Maria. E diariamente era isto: Maria para cá, Maria para lá e, quando alguém lhe chamava Sony, a mãe insistia que ela gostava mesmo era de ser tratada por Maria, nome que tinha um grande significado na família e no qual tinha muito gosto. Nisto pergunta uma colega minha, chegada no dia anterior e com pouca vocação para mediadora cultural (cada um, hélas, é para o que nasce):
- Mas oiça, mãe, se gostava tanto de Maria, por que é que lhe chamou Nokia?
Isto tem dias muito divertidos... Mas a propósito, acho que podíamos ter aprendido qualquer coisa sobre isto nas aulas de Antropologia, em vez das especificidades da dinâmica interpessoal das vendedeiras ambulantes do Martim Moniz... E mais não digo.
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