segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

[casa do gaiato] os meus meninos...


Os meus meninos gaiatos...
(Boane, Maputo)

(continuando...)

Depois do trabalho no centro de saúde eram os meninos que preenchiam o fim das minhas tardes e as noites. O meu quarto na Casa do Gaiato era na casa dos meninos dos oito aos dez anos e rendi-me a eles desde o primeiro dia, quando que me foram enfeitar a mesa de cabeceira com uma flor silvestre que crescia dentro de uma casca de coco, e me cantaram uma música de boas-vindas, enquanto se digladiavam para ver qual deles me fazia a cama...

À noite conversávamos, fazíamos macacadas, improvisávamos teatros, tirávamos as fotografias mais loucas e ajudava-os com os trabalhos de casa. Tornei-me a solução de recurso nas brigas, tão frequentes quanto seriam de prever numa casa só de rapazes... E como ainda faziam chichi na cama, também me levantava de noite para os mandar à casa de banho poucas horas depois de adormecerem, embora as reacções de pânico de alguns quando eram acordados me perturbassem... Que histórias de vida terríveis estariam por detrás dessas reacções? Nunca tinha lidado com situações dessas, mas descobri que afinal era muito fácil tranquilizá-los e chamá-los à realidade:

Aqui estás seguro... ninguém te vai fazer mal.

 (continua...)

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