A praia dos meus sonhos e o nascer do sol no Índico...
(Praia das Chocas, Nampula)
Até aos 23 anos eu costumava dizer que já tinha um plano para a velhice. Um plano absolutamente infalível. E nem sequer tinha um plano B. Eu estava plenamente convicta de que quando a velhice chegasse, com a consciência de quem já viveu como queria e com a arrogância de quem já não sonha, haveria de me dedicar a fazer tricot. Muito tricot. Tricot até à rabdomiólise! Imaginava uma velhice doce e desassombrada. E então aprendi, assim em jeito de PPR, a fazer tricot com a minha querida avozinha, hoje lúcida, doce, tranquila e desassombrada, com os seus 98 anos.
Mas, entretanto, o coração fugiu-me. À traição! E ficou enterrado em África, não muito longe de Maputo... E depois fugiu-me novamente, quando já não esperava que me abandonasse de novo. Cada vez para mais longe. E passaram a ser cada vez mais as noites em que não durmo. Cada vez mais os desassossegos por ver tanto por fazer. E tenho mais vontade de lutar... com a plena consciência de que o que vivo também não passa de uma utopia.
E foi então que conheci o meu colega com nome de filósofo [não, não é o Sócrates!], o meu guru espiritual do "modo África"*, que me fez perceber que eu um dia também irei engrossar as fileiras daqueles que, depois de se desiludirem demasiadas vezes com o mundo e com as pessoas, vão acabar numa cabana na praia, com o amor da sua vida, a tentar caçar um polvo [no meu caso é mais provável que seja uma lagosta, vá... e a praia pode ser um spa, mas vem tudo a dar no mesmo], longe do resto do mundo**...
Paradoxalmente talvez até seja uma coisa que me descansa... Isso quer dizer que até lá posso viver a utopia com todas as minhas forças. Só tenho de aprender algures a fazer pesca submarina!
* Aquele que me ensinou a respirar fundo em qualquer circunstância africana e dizer para mim própria: "Não, isto não é revoltante. Isto é exótico!"
** Referência a uma das cenas finais do romance de Pepetela "A Geração da Utopia". Sim, que eu posso ser loira, mas o meu guru é um homem culto, tsá?
E colecionar conchas como Herr Grosch (nas Chocas)...
ResponderEliminarE não é que eu tenho o mesmo sonho?!? só preciso dos meus livros, os meus quatro patas e um equipamento de mergulho para me acompanhar e acho que serei uma velhota muito feliz! :-b
ResponderEliminarBeijo grande de Pombal Big Apple (quase quase a voltar para a cidade das acácias e do meu coração!)
Mr. 1B, só vossa excelência para me deixar às aranhas, a tentar perceber quem seria esse tal de Herr Grosch... Valeu-me o meu Santo António do google, que não me deixa ficar mal - já agora o blogue Petromax é seu?
ResponderEliminarRuiva, que seja um excelente regresso! E agradecia muito umas fotozinhas do Bilene Big Apple, a ver se me aguento mais uns meses neste frio...
(um) beijo de mulata
Sra. D. Dra. o blogue Petromax não é meu.
EliminarAinda não tenho blogue.
Só o título, o "projecto editorial, linha, conteúdo", faltando apenas o resto - arrancar.
O Herr Grosch foi um personagem misterioso que apareceu e viveu nas Chocas - desde refugiado nazi a perseguido pelos mesmos - refugiado.
Vivia, dizem, com uma jibóia.
Por segurança, e para afastar eventuais importunadores.
Dava um belo "filme".
NO que toca a vontades por outras paragens nem é preciso que nos mandem emigrar. Vamos para sul de bom grado. Bilene quem sabe, ou por ali junto à costa mas sempre do Rovuma ao Maputo.
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