Um tanque de guerra feito cama sob as estrelas em Marromeu...
(Marromeu, Sofala)
Marromeu, uma terra encostada à Zambézia, na margem sul do rio que marca o fim da terra dos meus encantos. Há quem diga que foi um indigente que aqui dormiu...
Mas eu pergunto, não pode este carro armado ter sido antes a cama onde duas pessoas se amaram, sob o tecto negro e tórrido do cruzeiro do sul? Não pode a rede mosquiteira ter sido o garante da nudez tranquila de dois corpos que se queriam conhecer sem urgência e saborear o abraço conjunto e a proximidade dos corações? Não pode a chapa fria ter sido coberta pela capulana que ela recebera de presente nesse mesmo dia? Não pode o cantar rítmico das aves nocturnas e dos insectos ter sido a banda sonora mais bonita daquela dança quente a dois? Não pode o mesmo ruído da noite se ter transformado depois na canção de embalar que a savana lhes cantou até de manhã, celebrando aquele amor? Um amor provavelmente impossível, possivelmente proibido... proibitivamente caro, como são todos os amores proibidos?
E por ali ficou, palco de guerra abandonado, testemunha muda dos momentos em que dois corações bateram de repente ao mesmo tempo e depois ficaram por ali, abrandando lentamente, tentando perceber o tamanho do vazio que ficaria quando a manhã rompesse. Terá sido um até sempre? Isso talvez até seja fácil de saber... Se por lá estiver pelo menos um coração destroçado é porque o amor perdeu a guerra...
Divagações sobre este post...
Querida BdM
ResponderEliminarÉ uma romântica! Que pensar tão bonito o seu, pois porque não isso mesmo, um abrigo para um amor? Gostei mais assim.
Um sorriso!
Obrigada, Bê, não resisti aos devaneios sobre a noite africana...
ResponderEliminar(um) beijo de mulata
obrigado por teres passado as fotos
ResponderEliminarabracos
Obrigada eu! São geniais... Um grande abraço
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