sábado, 3 de setembro de 2011

[outras palavras] e depois...

(...) Depois houve um silêncio, ansioso. E no meio da câmara, envolta na refulgência preciosa, a ama não se movia... Apenas os seus olhos, brilhantes e secos, se tinham erguido para aquele céu que, além das grades, se tingia de rosa e de ouro. Era lá, nesse céu fresco de madrugada, que estava agora o seu menino. Estava lá, e já o sol se erguia, e era tarde, e o seu menino chorava decerto. E procurava o seu peito!... Então a ama sorriu e estendeu a mão. Todos seguiam, sem respirar, aquele lento mover da sua mão aberta. Que jóia maravilhosa, que fio de diamantes, que punhado de rubis, ia ela escolher?

A ama estendia a mão – e sobre um escabelo ao lado, entre um molho de armas, agarrou um punhal. Era um punhal de um velho rei, todo cravejado de esmeraldas. Valia uma província.

Agarrara o punhal e, com ele apertado fortemente na mão, apontando para o céu, onde subiam os primeiros raios do Sol, encarou a rainha, a multidão:
– Já salvei o meu príncipe – agora vou dar de mamar ao meu filho!

E cravou o punhal no coração.
Eça de Queirós in A Aia

6 comentários:

  1. Que pasa Muchacha?

    Aia hermosa
    e deveras corajosa
    q nem a mais espinha rosa
    a trava na "La vie en rose

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  2. Man, a gaja acertou mesmo no espaço intercostal! Será que vai ser enterrada no meio dos leões?

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  3. E o que é isso de Man?! Terei sido despromovida, de Moo para travestida? (Perdão pela cacofonia, a que sei que é sensível...)

    (um) beijo de mulata

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  4. Estava a falar com os meus fechos-éclair, miss Moo

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