(continuando...)
A menina crescia, com um olhar vivo e uma actividade impressionante e os pais, a pouco e pouco, foram também reconstruindo a própria alma e revelavam-se as pessoas que são hoje: fantásticos, incondicionais e cheios de bom humor. E quanto mais o tempo passava, mais se compreendia que a menina ia crescer para ser uma menina muito inteligente e especial. Cresceu mimadíssima por pais e avós, entre consultas de tudo e mais alguma coisa em que invariavelmente estava tudo bem. Até que aos quatro anos, por pressão da pediatra que dizia que não podia ser, que não podia continuar em casa o dia todo, que não podia ser superprotegida, que já era mais do que tempo, a muito custo, os pais inscreveram-na no jardim infantil.
Uma semana depois constipou-se e teve uma sinusite. Dias depois dava entrada nos intensivos com uma meningite gravíssima. Dizem que o luto custa mais à segunda vez... Mas que dizer da alegria que é ver uma criança renascer, pela segunda vez, depois de ouvir que era quase impossível? Já vi meninos sairem de meningites destas sem muitas sequelas. Mas impecáveis como ela nunca tinha visto...
No final voltámos à carga. Que não podiam desanimar. Que a menina tinha de fazer uma vida normal. Que só assim é que a vida tinha sentido. Que tinha de ir à escolinha novamente.
- Nem pensar, Doutora! - Dizia a mãe, com o sorriso bem-humorado que a caracteriza, mas absolutamente determinada. - Para a escola é que ela não volta nunca mais! É que não mesmo. Quando chegar aos 18 anos meto-a nas Novas Oportunidades!
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