segunda-feira, 25 de abril de 2011

[a tale of three cakes] o doce mais intenso

I love New York, I'd live in Paris but...
Mozambique is tastier... and lighter!

Mokotto era uma iguaria que as mamãs das crianças internadas no hospital de Iapala (Nampula) me preparavam de vez em quando. Ou melhor, não a preparavam exclusivamente para mim, mas ofereciam-me para ser eu a primeira a provar, antes delas próprias ou dos filhos. Mas antes de mais tenho de fazer uma ressalva... Não tentem fazer isto em casa. Para além de ser um flop garantido (a não ser que tenham em casa um pilão, dois homens fortes e uns vizinhos de baixo um pouco surdos e bem dispostos - e não, a Bimby não amassa da mesma maneira), o Mokotto é uma iguaria apenas para estômagos experientes!

Eu aceitava porque seria impensável fazer uma desfeita dessas às mamãs e porque tenho a convicção inabalável de que tenho um bucho duro de roer, capaz de digerir os alimentos mais improváveis. Até mesmo os alimentos que quase ultrapassam aquele limiar que separa os alimentos dos não-alimentos... Isso e porque também tenho uma confiança cega em toda e qualquer mãe cujos filhos pareçam felizes e bem cuidados. "Se os filhos delas são saudáveis é porque a comida que elas preparam é boa." Raciocínio básico mas que nunca me falhou. Bem... e em abono da verdade tenho de admitir que há ainda mais uma razão. É que eu sou loira. Não é que seja muito burra, mas sou... vá, distraída. E quando pela primeira vez me lembrei que tinha comido um doce que incluía arroz cru na sua composição já tinham passado dois dias e era tarde demais para me doer a barriga...

Mas ultrapassada a questão digestiva, o Mokotto era absolutamente delicioso. E, curiosamente, pouco calórico! Feito de uma massa informe, preparada no pilão, amassando arroz pilado, leite de coco e açúcar (e outros ingredientes para dar sabor e cheiro, cujo nome não conheço em Português). Aprendi a saboreá-lo com a calma de quem beija... ia-se desfazendo dentro da minha boca, lentamente, com pequenos movimentos e pequenas mordidas, e descobria a cada centímetro um sabor e uma consistência diferentes...

4 comentários:

  1. E o matorrotoro??????????? Coisa boa!!!!!!!!!!!!! Também é pouco calórico? diga que sim, diga que sim...
    Da cidade das acácias um grande beijo

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  2. Matowhatthefucktoro?? Soa bem e deve saber melhor ainda, mas não faço a menor ideia do que isso seja... Garanto-lhe que isso não existia na barraquinha do Sr. Pompisk lá no Gilé e que as mamãs nunca me fizeram coisa nenhuma com esse nome, mas era menina para experimentar... O que é? Tem a receita?

    Já agora, vejo que está a sobreviver às primeiras impressões! Espero que também esteja a gostar...

    (um) beijo de mulata

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  3. Matorrotoro, é coco ralado com açucar caramelizado (numa espécie de bolacha castanha e muitooooooooooo gostosa)...

    Daqui da cidade das acácias, tento com afinco ser atropelada todos os dias enquanto espero o momento de desaparecer numa das crateras da rua, ao mesmo tempo que evito um qualquer monte de lixo...

    No problem! África é África e tudo está bem, quando se está bem (e está-se sempre bem!)!

    E as pessoas são um verdadeiro doce, muito mais que o matorrotoro!

    Por mim, sou fã!

    P.S.: nunca mais direi mal das rotundas, dos transportes públicos, da nossa forma de conduzir, ou da nossa net!

    Mas, apesar de tudo, já amo esta terra!

    Beijos da cidade das acácias.

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  4. Soa bem mesmo! E deve saber ainda melhor... Até pedi ajuda ao Santo António do Google, mas de nada me valeu. Fiquei na mesma... Mas para a próxima não me escapa!

    Ainda bem que já entrou no ritmo e no espírito. Como diz o meu Guru espiritual, sempre que se sentir zangada com qualquer situação em África diga para si própria: "Isto é exótico!" Nunca falha.

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