BORRACHA ERASER
Com uma borracha Eraser o tempo
apagou a ava gardner, a janis joplin,
a hilda hilst, com quem eu subiria
três vezes em todos os elevadores
de Manhatthan, o tempo apagou
as gencianas que havia num poema
de d.h.lawrence e os beijos-de-mulata
naquele canteiro da Malhangalene
que agora se amodorra numa tonelada de brita.
Com uma detestável borracha Eraser,
o tempo apagou o teu nome
de todos os meus cadernos e deslaçou
o meu rosto do teu sistema arterial.
Nunca mais compro esta merda.
António Cabrita in Artigos de Papelaria
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