quinta-feira, 1 de novembro de 2012

[zambézia versus paris versus new york] criaturas lendárias...

 
Nova Iorque tem o King Kong, Paris o Quasimodo, mas...
a Zambézia é exótica!
 
Este é um repost sobre o mito de origem dos macuas, o povo que habita algumas províncias do norte de Moçambique... Sobre o guardião do monte Namúli, vale a pena ler a explicação do Vítor, correspondente honoris causa deste mato, atualmente residente na Dinamarca, mas que viveu na Alta Zambézia durante anos...

Perto de Guruè, na Zambézia, fica o Monte Namúli, que é a segunda montanha mais alta de Moçambique e é, para as pessoas da região, os macuas-lómuès, o berço da Humanidade. Dizem que lá se podem ver as pegadas do primeiro homem. Mas não se devia poder. Quer dizer, ninguém devia poder vê-las. Parece que as coisas mudaram um bocado desde que eu vivi naquela província, e vi guias de viagens recentes que aconselham caminhadas no Monte Namúli. Antigamente só se podia escalar a montanha até um determinado sítio. A partir daí, era proibido, porque era terra sagrada. O castigo de quem se aventurasse até à parte de cima do monte era (como é muitas vezes, nesta parte do mundo, o castigo de quem viola alguma regra costumária) a pessoa perder-se e nunca mais encontrar o caminho para casa. 
O que é original – e delicioso, na minha opinião – na lenda macua é a maneira como a pessoa se perde: se o guardião eterno da montanha lá apanhar alguém, começa a falar com essa pessoa tanto e tão depressa que a confunde completamente; e ela, de tão baralhada que fica, nunca mais encontra o caminho de volta.

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