Na semana passada, na primeira consulta de um menino de dois anos e meio, a mãe dizia-me que estava à espera de outro filho... Que estava naturalmente apreensiva pela questão dos ciúmes, mas que até à data nada indicava que ele haveria de reagir mal, pelo contrário, até tinha sido ele a pedir...
E o menino ia repetindo, enquanto a mãe o despia na marquesa, com ele a tentar saltar e dançar rock ao ritmo da música ambiente do consultório (salvo erro o Nightwish do Fantasma-da-Ópera-em-versão-música-de-elevador-escusam-de-fazer-essa-cara-de-enjoados-que-não-sou-eu-que-escolho-a-música-e-geralmente-até-a-desligo-mas-daquela-vez-esqueci-me-o-que-é-que-querem...):
- Mãe...
- Sim, filho?
- Eu quero um mano!
E a mãe, com um sorriso, ia respondendo que sim, que ele haveria de ter um mano qualquer dia e eu perguntei-lhe:
- Mas tu sabes o que é um mano?
- Sim, é um bebé lá em casa!
- Ah, muito bem! E tu queres um bebé lá em casa?
- Sim, os meus amigos também têm!
E a mãe:
- Sim, ele vê as mães dos coleguinhas dele a ir buscá-los com bebés pequeninos ao colo e ele também quer. Até já lhe explicámos que os bebés vêm da barriga...
- Sim, mãe, eu quero um bebé na minha barriga!
- Não filho, o mano vai para a barriga da mãe...
[Pausa... Cara de choque de quem tivesse levado um murro no estômago e a lagrimita a assomar...]
- Mãe, mas eu quero um mano na minha barriga...
- Está bem, querido, qualquer dia também tens um mano na tua barriga...
* Timbre da voz de uma criança antes da puberdade.
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