Mamã com crianças...
(Iapala, Nampula)
A pedido de várias famílias, aqui fica um pequeno excerto do meu livro. É sobre um episódio no dia da chegada à missão de Iapala...
"Antes do jantar, recebemos a visita de uma jovem com um bebé de poucos meses adormecido às costas. O menino vinha no seu traje de gala, com um conjunto de gorro e meias de lã, amarelo com uma risquinha verde, amorosamente tricotado à mão por uma das irmãs.
– A touquinha e as peuguinhas de lã são o melhor presente que se pode dar a uma mamã – explicou-me depois a irmã Lurdes.
– Com este calor?
– Não me perguntes porquê, mas todas as mamãs adoram.
Realmente, como diria Mark Twain, os costumes mais absurdos são sempre os que permanecem mais enraizados... A "touquinha", como a irmã lhe chamava, era um gorro de inverno, de aspeto bastante quente, com direito a pompom e tudo! A jovem era mulher de um dos empregados da missão. Sabia que a irmã Conceição tinha chegado e vinha dar notícias da sua ida a Nampula para registar o menino.
– Não me deixaram pôr o nome que a irmã disse – lamuriou-se.– Porquê? – Espantou-se a irmã Conceição.– Disseram que não era nome normal.– Mas que estranho...A jovem mamã tinha ido, dias antes, ter com as irmãs a Nampula porque estava com dificuldades na escolha do nome do bebé. Era o primeiro filho, o que tornava o processo muito mais complexo, com uma grande responsabilidade. Queria dar-lhe o nome de um padre, porque os missionários eram as pessoas mais importantes da região, mas não sabia que nome escolher. A irmã lembrara-se então que o pai do menino, em tempos, trabalhara para um padre em Nampula e tinham ficado particularmente amigos.
– Porque não lhe põe o nome dele?A sugestão tinha sido bem aceite...– Mas, afinal, qual era o nome que lhe queria dar? – Perguntei, curiosa.– Padre Arlindo...
A jovem estava desolada, mas eu tive de deixar cair um brinco no chão para poder esconder a cara, porque só me apetecia sorrir às gargalhadas com aquela cena digna de uma comédia dos anos ’30. Depois de uma longa explicação das irmãs, a jovem saiu um pouco mais conformada.
– Acho que não vai muito convencida... Só Arlindo parece que não diz tudo – notei.– Também me parece... Mas ainda bem que o funcionário do Registo Civil foi sensato, senão o menino tinha ficado com um Arlindo nome! E se fôssemos jantar?"
Delicioso! Adoro histórias de vida. Estou curiosíssima para ler todo o livro...
ResponderEliminar:)
Não resisti mais e fui ontem comprar o livro. Comprei também "O lado selvagem" ( original: "Into the wild"). Quero devorar estes 2 livros, estou mortinha por acabar o que estou a ler para me dedicar a estes. Estou mal de finanças, mas fiz a loucura do mês, seja como for, o valor deste livro sempre serve para ajudar quem mais necessita :)
ResponderEliminarMuita sorte e saúde para si e para o seu menino. A Patrícia é um dos Anjos na Terra! :)