segunda-feira, 11 de julho de 2011

[das coisas que me alegram...] mais além!

Calculem, meus amigos... então não é que uma leitora que vem amiúde visitar-me aqui a este mato de beijos, mulatas e recordações, há uns dias, passando pelo Gilé a caminho de Nampula, teve uma avaria no jeep. Parece que se rompeu a bomba da água, ou coisa que o valha... uma daquelas avarias que conseguem transformar uma viatura que se tem por garantida (e em quem não se pensa a não ser quando é para encher distraidamente o depósito, mais a pensar na crise do que no bem-estar da dita), numa criatura odiosa que deita fumo, cheira a queimado e que fica teimosamente no meio da estrada como uma mula ruça a quem deu a travadinha e não dá nem mais um passo até que venha um macho buscá-la. E mesmo assim, só com muitas cenouras e alguma sorte [ai, mas que erudito que isto está hoje, com machos, cenouras e mulas ruças e tudo... qualquer dia admirem-se que apareça por aqui uma cigana a dançar flamenco...]. Isto a 300 km da cidade de Nampula, sem rede de telemóvel e sem qualquer hipótese de chamar um reboque porque [surpresa!], estamos precisamente no mato em Moçambique e Assistência em Viagem é coisa que não existe por aqui.

O povo macua é pacífico e muitíssimo prestável, delira por poder ajudar nestas situações. É sempre uma oportunidade de sair da rotina, de demonstrar a sua habilidade aos outros homens, divertir as crianças e de se exibirem às mulheres que se amontoam, curiosas, para observar o processo. Mas desta vez, por mais homens que aparecessem, não se tratava de mudar um pneu ou ajudar a retirar o carro de um dos imensos buracos da estrada onde é muito provável cair...

Foi então que a nossa estimada amiga se lembrou, brilhantemente, de que o Sr. Pompisk, tão falado neste blog (e até com direito a tag na coluna dos motes, à vossa direita) é que poderia ser a pessoa que a conseguiria ajudar naquela hora de aflição! E era verdade. Este quase apátrida, filho de mãe alemã e pai polaco mas auto-proclamado Moçambicano por usucapião, comerciante riquíssimo, bon vivant e dono de um coração mais do que generoso, era provavelmente a única pessoa que lhes poderia valer naquele mato... Voltaram à vila e, mesmo sem o conhecerem, perguntaram pelo Sr. Pompisk. E foi ele quem, pragmático, generoso e prestável como só ele, improvisou um reboque e as levou até Nampula! Para ele, mesmo que não nos esteja a ouvir, um grande abraço... Fiquei mesmo feliz por mais uma prova de que a vida é simples. Ou, pelo menos, devia...

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