Perto da casa das Irmãs, uma mamã com um filho albino... Os olhos tristes de quem tem um filho deficiente, impuro, que denuncia a léguas de distância um pecado sem perdão cometido contra os antepassados. Um filho que, como é do conhecimento geral, não pertence à família, não terá futuro e poderá desaparecer a qualquer momento, certamente raptado para a prática de feitiçaria, mas que todos dirão apenas, sem qualquer surpresa, que desapareceu desvanecido no ar... Ninguém se preocupará em desvendar o não-mistério, o desaparecimento mais do que previsível de um menino condenado... Sim, porque toda a gente sabe que os albinos não morrem: desaparecem. Já vos tinha dito, lembram-se?
Esta mamã ama o seu filho. Como não? É um menino lindo! Mas ama-o com o sentimento amargo, doloroso e desesperado dos que sabem que esse amor tem data marcada.
(Gilé, Zambézia)
Olá
ResponderEliminarJá li algo a respeito sobre o problema das crianças albinas em África.
Fico pensando que algo precisa ser feito. Estas crianças tem que ser protegidas.
Mas como?
O que?
Quem acusar?
Onde buscar ajuda?
Um beijo
Maria Tereza
Há muito tempo que leio silenciosamente este blog, que me envolveu na magia de África e enraizou em mim a vontade de, um dia, me juntar também a esses heróis anónimos que são os voluntários.
ResponderEliminarEste post tocou-me particularmente, já que conheço de perto a realidade das pessoas diferentes que, mesmo inseridas na nossa sociedade europeia que se apregoa aberta e tolerante e, à partida, capaz de entender a diferença, são muitas vezes marginalizadas por essa mesma sociedade. Nem consigo imaginar a dureza da vida de quem é diferente num local como Moçambique, onde as pessoas vivem oprimidas por crendices e superstições. Ser-se diferente em África é ser-se o desprivilegiado dentro dos desprivilegiados e o preço a pagar é tão elevado que a escala de dor de um país desenvolvido, por muito grande que seja, fica a parecer tão pequenina… Dá que pensar.