José Diogo Quintela escreveu há tempos um texto genial sobre homeopatia. Andei à procura dele para partilhar convosco.
Daqui.
Tenho a casa transformada em enfermaria. Neste momento,
estão internados cinco Nenucos, três Barbies (tecnicamente, uma delas é
Barbie-Sereia) e um Action Man. Padecem de gripe.
A minha filha é muito atenciosa com os pacientes. Está a
levar a sua função terapêutica muito a sério. A minha mulher está convencida de
que a miúda vai ser médica. A mim, pela maneira como ela trata as bonecas,
dá-me mais a sensação que ela vai ser homeopata. É que os remédios que ela
receita são colheradas de ar e pingos de água aplicados a partir de um biberon
de brincar.
Como pai preocupado com o futuro, é óbvio que estou
contente. A homeopatia não é tão prestigiante quanto a medicina, mas dá mais
dinheiro. E o curso é mais fácil. Só é preciso aprender a medir porções,
diluí-las e sacudi-las num recipiente. No fundo, é um curso de barman em
que só se usa água. Aliás, qualquer pessoa que já teve preguiça de ir à
despensa buscar uma embalagem de champô nova, preferindo antes encher de água e
abanar a embalagem vazia de modo a recolher refugo de champô com que lavar a
cabeça, é um homeopata em potência.
Todos os dias ouço um anúncio na rádio a recomendar que faça
a prevenção da gripe com o Oscillococcinum, um produto homeopático. Ora,
eu não sou cientista. Logo, tenho toda a qualificação necessária para me
pronunciar sobre homeopatia. E diria que a prevenção da gripe com pílulas de
açúcar só funciona se o vírus influenza estiver a fazer a dieta do
Paleolítico. Sem ser para evitar os hidratos de carbono, não estou a ver outra
razão que levasse um vírus a não querer instalar-se em alguém só porque toma
pílulas de açúcar. A empresa que o vende garante que não tem efeitos
secundários. Aí já estamos de acordo. É natural que não tenha, porque para ter
um efeito secundário seria necessário que tivesse, anteriormente, um efeito
primário.
No entanto, a bem da verdade, tenho de reconhecer que o Oscillococcinum
não é apenas açúcar. O seu ingrediente fantástico (no sentido de “estupendo”
para os homeopatas; no sentido de “fictício” para as restantes pessoas) é um
extracto de miudezas de pato, o que faz do Oscillococcinum uma sugestão
de canja muito cara. Quando alguém toma um comprimido, há um círculo que se
completa: o que começou com um pato termina num pato. Não consigo imaginar
melhor definição de “holístico”.
Os homeopatas garantem que depois das 200 diluições do
extracto de pato, a água retém a memória de uma molécula do ingrediente
original. Até agora, não se conseguiu provar que a água tenha memória. A
existir, a memória da água é igualzinha à memória do vinho: quando o bebo, no
dia seguinte também não me lembro de nada.
Atenção, o meu cepticismo não é dogmático. Mudo de opinião
quando me mostrarem provas irrefutáveis. E a verdade é que fui agora ao quarto
da minha filha e as doentes estavam todas perfiladas para uma aula de zumba.
Tudo com ar bem-disposto. Tirando o Action Man.
:-D :-D :-D
ResponderEliminarPessoalmente, prefiro "SMINT"s. ;-)
Oscillococcinum nunca experimentei. Mas já tomei R18, e garanto, os sintomas de infecção urinária desapareceram em 4 h e meia, sendo que tomei este de 15 em 15 minutos. Foi a maior prova que tive de que, realmente a Homeopatia funciona.
ResponderEliminarOra e se não funcionasse, e fosse só efeito placebo, como explicam o funcionamento em plantas? E animais? E sim, tenho conhecimento de causa, vi cerejeiras "adoecerem" na quinta da minha avó, e depois ficarem boas aquando de um tratamento.
Sim, eu testemunhei, mas no entanto, aceito que não me levem a sério, afinal, é apenas umas desconhecida a falar.
Pois cá em casa tomamos Oscillococcinum por sugestão da pediatra e nunca nenhum dos 4 teve de faltar à escola por causa de uma gripe. Será coincidência?! Da mesma maneira que o terceiro não teve mais otites em bebé depois de tomar o Otokind, também homeopático. Talvez sejam apenas as boas energias mas eu, mãe de família sem quaisquer conhecimentos holísticos para além do nome dos produtos, tenho de concordar que estes têm cumprido a sua missão. :)
ResponderEliminarOs meus três também nunca tiveram de faltar à escola por causa de uma gripe, e nunca tomaram nada...
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