terça-feira, 17 de julho de 2012

[instantes] porque a vida é todos os dias...


Criança com irmão mais novo no pátio da escola...
(Gilé, Zambézia)


- Onde está a tua mãe, menina?
- Mamã está na escola.
- E o que fazes aqui? Já são 18 horas.
- Tomo conta do meu irmão pequeno. Quando ele chora vou à sala de aula para mamã lhe dar de mamar.
- A que horas vais para casa?
- Às 21, quando a mãe sai da escola...

Às vezes nem sei o que pensar disto, meus amigos... Criam-se laços fortes entre irmãos, é certo, fortalece-se o sentido de família, mas mas acho que por pior que sejam as condições de vida, não é justo que sejam as crianças a cuidar dos irmãos mais novos durante o tempo em que as mães estão na escola. Sobretudo porque, mais uma vez, são as meninas as sacrificadas. São as meninas que se resignam à sua condição de mulheres para ajudar as mães. E acabam por crescer a considerar normais todas estas provações. Horas seguidas em pé, sem comer, expostas ao frio e aos mosquitos quando já deveriam estar a brincar, a fazer os deveres ou a dormir...

A sério que não me parece assim tão complicado erguer um pequeno abrigo e ter duas senhoras mais velhas a cuidar das crianças todas. Criavam-se dois postos de trabalho, valorizavam-se as mulheres idosas (tão discriminadas no país todo) e os dias tornavam-se menos duros para as crianças... Porque eu sei que tem de haver um caminho! E rai's me partam se não o vou trilhar!

5 comentários:

  1. Maria Tereza Estrabon Falabella17 de julho de 2012 às 04:38

    Olá
    Dou-te toda a razão.
    Há de haver um jeito de resolver isto e você em poucas palavras descreve um bom jeito.
    Você me confunde. Quando penso que está em Lisboa, aparece um post de Gilé.
    Afinal onde você está?
    Abraço
    Maria Tereza

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  2. Sempre as mulheres, meninas as sacrificadas... não é justo e basta que quem manda as queira valorizar e proteger...e fazer o que disseste que, de facto, não parece complicado, é querer...

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  3. Obrigada, minhas queridas... Maria Rereza, estou em Lisboa. Com o coração na Zambézia!

    (um) beijo de mulata

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  4. Acho uma ideia óptima: as senhoras mais velhas tomarem conta dos pequenitos. A mana (outra criança) tem direito de preparar o seu futuro.
    Beijocas

    Graça

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  5. as duas ultimas frases... trouxeram-me lágrimas aos olhos!

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