domingo, 8 de julho de 2012

[outras palavras] a greve dos dias 11 e 12


Infelizmente não poderei fazer greve no dia 11 porque estarei de urgência e a 12 estarei de saída de banco, pelo que a minha ausência não vai contar para os números da greve. Mas eu e a minha equipa vamos trabalhar como normalmente fazemos durante um domingo ou um feriado: assumiremos a responsabilidade de todos os meninos graves internados no hospital e haveremos de observar todas as crianças que acorrerem ao serviço de urgência. Para nós vai ser trabalho a duplicar. E oxalá o seja.

Nunca poderei escrever como a Dra. Muxy (Paracuca) sobre este assunto, por isso transcrevo aqui as palavras dela:

«O senhor ministro diz, demasiadas vezes, que as propostas que põe sobre a mesa vão de encontro às reivindicações dos médicos, diz que o que o preocupa são os utentes que vão ficar sem consultas por causa das greves, diz ainda que a requisição civil está sempre sobre a mesa e diz também que não tem medo dos médicos. A comunicação é difícil, eu sei, mas vivia na ilusão que falávamos a mesma língua.
O que os médicos reivindicam é o fim do contrato de horas em massa. Se as horas que estão a concurso equivalem ao trabalho de 1800 profissionais a tempo integral de 40 horas então queremos contratos e não horas avulso. O que o senhor põe na mesa é um tecto mínimo para o preço dessas horas. Não vai de encontro ao que queremos, desculpe lá. O senhor não sabe mas eu conto-lhe porque sou generosa: a medicina de qualidade depende de uma política de serviço, de uma hierarquia, de um pensar conjunto, da discussão dos doentes, de assumir os doentes como nossos e ter com eles uma relação perene. O trabalho à hora não garante nada disto.
O senhor diz que está preocupado com os doentes e nós sabemos que na comunicação social vai aparecer a senhora que fez quilómetros para ir a uma consulta que o estupor do médico não fez. Descanse excelência, as consultas vão ser feitas, noutros dias pelos mesmos médicos. Fazer greve não nos poupa trabalho, a nossa relação com os doentes é fiel e por isso fazemos questão de sermos nós a ver os nossos doentes em vez de médicos estranhos contratados à hora.
Ameaça-nos com a requisição civil. Não receamos, excelência! O direito à greve é nosso pela constituição, sabemos quais são os serviços que não podem falhar e vamos cumpri-los. Não precisamos de castigos, somos cidadãos responsáveis.
Não tem medo da greve mas perde tempo a desprestigiar a classe. Que somos pouco razoáveis, que não estamos abertos à negociação, que a ordem é amiga mas os sindicatos são maus. Tenha paciência e seja decente.
Defendemos o direito ao trabalho não precário, defendemos a justiça salarial e defendemos acima de tudo o Serviço Nacional de Saúde. Aquele que vocês, os senhores da austeridade expansionista (piada, piada) acham que é demasiado caro e, arrisco, demasiado bom para os portugueses.»

Sem comentários:

Enviar um comentário