Fernando Botero, 1981
Na noite de Natal, estava com a minha equipa de banco no hospital, já a meia-noite se aproximava e nós com mais de três horas de espera e quarenta meninos ainda por ver, e chamo pelo intercomunicador um adolescente cuja ficha de triagem dizia que vinha ao Serviço de Urgência por vómitos "persistentes" desde há... uma hora.
Entra-me, então, pelo gabinete de consulta uma família de obesos. Daquelas que fazem lembrar a história da menina rica: o pai era obeso, a mãe era obesa, a filha era obesa, o jardineiro era obeso, o cozinheiro era obeso... E dizia a mãe:
- Pois, doutora, eu nem queria vir. Eu até disse ao meu marido, é melhor não irmos, que vi na televisão que aquilo nas "orgências" está tudo tão entupido que a gente ainda apanha para lá uma anorexia nervosa!
[E era verdade, meus amigos! Aquilo foi para lá uma salada tão grande, valha-me Santa Rita de Cássia, que nessa noite ninguém jantou uma folhinha de alface sequer... Isto, obviamente, até às tantas da madrugada, altura em que me atraquei às pataniscas de bacalhau e ao pão-de-ló que a D. Teresa - a santa senhora que mantém a minha casa habitável - amorosamente tinha preparado de véspera para a nossa ceia natalícia.]
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