A tia da Margarida, uma menina que nos ficou no coração e a quem fomos visitar depois da alta do hospital... Insistia para que levássemos a galinha gorda (viva, obviamente!) como agradecimento por tudo quanto tínhamos feito pela sobrinha... Mas como aceitar quando sabemos que as famílias passam fome tantas vezes e uma galinha é preciosa na economia doméstica?
Acabámos por aceitar mesmo assim, ou melhor, acabei eu, sob o olhar furibundo da R., porque vislumbrámos o seu olhar de desapontamento quando fizemos menção de recusar. Porque de repente sentimos o calor da terra nos nossos pés, a força do olhar a direito desta mulher com uma lágrima a querer despontar e percebemos que a nossa recusa seria uma humilhação para a família... Não há como o povo macua para nos fazer compreender que ninguém é tão pobre que não possa dar alguma coisa e ninguém é tão rico que não possa receber...
O problema foi depois levar no carro a galinha gorda e rebelde, com a mania que fazia solos operáticos e com uma sede insaciável de voar, de dar bicadas e distribuir penas pelo ar... e mais não digo, que já devem estar a calcular o estado em que ficou a minha blusa... mas pronto, ou era a minha blusa ou os estofos do carro!
(Gilé, Zambézia)
Estou a ver que estiveste com atenção no sábado e que o que ele disse te inspirou! Ainda bem, ganhamos nós!
ResponderEliminarbeijinhos
É verdade que o ouvi dizer esta frase e recordei o provérbio macua que diz isto mesmo! É um povo místico e sábio...
ResponderEliminar(um) beijo de mulata