Três da manhã, Urgência de Pediatria ainda muito movimentada. A avó de um menino de quatro anos que conheço desde que nasceu, com múltiplos problemas de saúde e que em tempos difíceis reanimei duas vezes na mesma noite, entra-me, esbaforida, no gabinete.
- Mais uma convulsão, doutora.
- Boa noite, avó, não há meio de uma pessoa se habituar a isto, não é verdade?
- Pois não, doutora, coitadinho do meu menino. Desta vez foram dois minutos.
- Mas passou sozinha desta vez? - resposta afirmativa da avó - Que medicamento é que o menino está a tomar para a epilepsia?
[Baixinho, a medo] - É o "Dá práqui".
[Pausa para reflexão fonética]- O Depakine? - Arrisquei.
[Sorriso de orelha a orelha, aliviado, voz muito mais assertiva] - Isso, o "Dê práqui"! Afinal era fácil!
Isso! É só uma questão de tratar o medicamento por você em vez de o tratar por tu.
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