segunda-feira, 24 de março de 2014

[vozes brancas] são metáforas, senhor, são metáforas!

"Ninguém compreende a minha bichinha", lamentava-se a mãe de uma princesa esta tarde na consulta. "Calcule doutora, que a minha empregada me ligou no outro dia a dizer que a Maria [nome obviamente fictício] se estava a queixar das pernas. E como a doutora sabe, da última vez que ela se queixou das pernas acabámos no hospital internadas com uma púrpura. Fui de charola para casa e dei com ela a correr e a pular, muito bem disposta e surpreendida por me ver".


"O que tens, filhota?", perguntara-lhe. "Nada, mãe, eu não estava a fazer nada, eu portei-me bem!" "Sim, querida, eu sei que te estavas a portar bem hoje, mas a tia Céu chamou-me porque estavas a queixar-te das pernas." "Eu?! Não, eu só disse que tinha tosse nas pernas." "Tosse nas pernas?" "Sim, mãe, quando eu corro fico com tosse!"


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- E depois é isto, doutora! Não hei de eu andar meia louca! Tenho uma filha a quem tudo acontece, um marido que está fora e uma empregada completamente histérica!
- Bem, olhe, mas em contrapartida tem uma filha poetisa! Não lhe corte essa veia poética, que tem futuro! Quem me dera a mim escrever assim...

1 comentário:

  1. "De poetas e de loucos..." ok, digamos de forma mais simpática, "de surreal" :-)

    Nota: entretanto, tive que pesquisar para saber o que era a "púrpura"... não fosse estar perante outra metáfora :-D

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