Há tempos no centro comercial, o baby-de-mulata, habitualmente está sempre pronto a saltar para dentro de qualquer carrinho daqueles em que só é preciso pôr uma moeda para desatarem cantar e dançar, desafiando o direito à autodeterminação gravítica de qualquer criança, desta vez recusava-se a entrar no carro onde estava o Mickey Mouse. Um Mickey numa locomotiva de comboio (e o que ele adora comboios!), bem desenhado, muito bem disposto e simpático, que acenava aos meninos que passavam.
Pior, para meu espanto, encaminhava-se para o carro da Kitty, o meu ódio de estimação (onde-é-que-já-se-viu-uma-boneca-sem-boca-para-falar-valha-me-santo-antónio-do-sermão-aos-peixes) que, mesmo ao lado, tresandava a cor-de-rosinha, enfeitado por florzinhas pirosas. Não o estava a reconhecer. O meu baby-de-mulata, que literalmente me rosnava de cada vez que eu tentava cultivar o seu lado mais sensível. O meu filho que me ignorava olimpicamente sempre que lhe mostrava um bebé careca para ele embalar ou uma flor para, subtilmente, lhe ensinar que oferecer flores à senhora sua mãe é meio caminho andado para obter todos os seus desejos, agora de repente virava-se para a piroseira da Kitty? Não se deve cuspir para o ar, realmente.
Até que lhe perguntei por que razão não ia para o comboio ao Mickey, ao que ele respondeu: "Porque não, mamã!" E passado algum tempo perguntou-me: "Aquele é o Mickey Mau? Porque é que o Mickey é Mau, mamã?" (Graças a Deus! Depois de devidamente esclarecido o equívoco e, sem qualquer forma de pressão adicional, qual filho pródigo deixou a Kitty e dirigiu-se para o comboio do Mickey com a felicidade estampada no rosto! Obrigada, filho, por confortares a mãe!)
:-)!
ResponderEliminarNo outro dia, antes de adormecer, um dos meus rapazes perguntou-me exactamente o mesmo: mãe, o que é o Mickey Mau? Porque é o Mickey mau? Ainda demorei um segundo a descobrir de onde vinha a confusão, mas depois também «esclareci o equívoco» e poupei-lhe um eventual pesadelo com o rato. Num instante ou por tão pouco, a realidade deles pode ser tão diferente da nossa; e isso às vezes pode passar-nos ao lado sem sequer darmos conta.
Mas deixar aqui este episódio é principalmente um pretexto para dizer: Parabéns, Mulata, pelo baby, pelo trabalho, pelo blog!