sábado, 6 de julho de 2013

[isto da adoção] é um mundo maravilhoso

Nem imaginam como estou agradecida pelo milagre que foi este menino na minha vida! Quando o baby-de-mulata veio cá para casa, acho que no início nem tinha expectativas nenhumas. Até tinha medo de pensar em todas as mudanças que aconteceriam na minha vida. Estava tão feliz, mas ao mesmo tempo tão receosa...

Por isso acho que foi ainda mais maravilhoso tudo o que aconteceu e a forma como foi acontecendo. Eu já estava completamente rendida e apaixonada por ele mesmo antes de ele ir lá para casa, mas foi lindo ter percebido como esse amor aumenta todos os dias e que o menino se torna mais meu a cada dia que passa, mais parte de mim.

Acho que da última vez que ele esteve doente percebi isso ainda melhor: de cada vez que ele gemia, parecia-me que o peito me doía cada vez mais... Mesmo sabendo que ele não tinha nada de grave, compreendi de repente os pais que vão a correr para a urgência ao primeiro pico de febre. Apeteceu-me também pegar nele e levá-lo para ir pedir a alguém: "Por favor, façam-me alguma coisa por ele, tirem-lhe esta dor, que ele está mal e eu tenho a alma a desfazer-se!" Mil e uma doenças graves me passavam pela cabeça. As primeiras horas de febre alta são tramadas para uma pediatra... Mas claro que me acalmei e lhe baixei a febre e lhe dei colo e miminhos, que a ir para a urgência não serviria de nada, só se ia infetar com outras bicharadas e eu ia ser gozada até ao fim dos tempos. A mãe que habita em mim é histérica, eu sei, mas por fora sou uma pediatra de bata branca, de pedra e cal, calma, ponderada e não cede a impulsos irracionais.

Também foi mágico perceber que ele próprio passou a gostar de mim. Quando foi para minha casa ele já me aceitava perfeitamente, pedia-me colo quando caía, recorria a mim quando precisava de alguma coisa e deixava-me cuidar dele. Divertia-se comigo e também se via que gostava dos meus mimos. Já tinha a certeza absoluta de que eu gostava dele e fazia exigências, algumas birras. Mas era muito displicente. Penso que para ele, eu ainda não era bem uma mãe, era assim mais como se fosse uma empregada... A chamada criada-para-todo-o-serviço! E para mim isso chegava. Ele é um menino lindo, maravilhoso, muito alegre, com uma energia incrível. Enche uma casa. (Sim, não sei se se nota muito, mas sou uma mãe mete-nojo de tão babada...)

Mas, a partir do segundo mês, ele passou a ficar de vez em quando parado a olhar para mim como se estivesse, também ele, enamorado, e repetia: "Mamã, mamã..." Nunca imaginei uma coisa destas! Não sabia que isto podia acontecer com eles desta maneira, mas sei que estes sorrisos e estes olhares têm feito tudo valer a pena! Ele apaixonou-se por mim e eu tornei-me a mãe mais feliz do mundo!

7 comentários:

  1. Parabéns pelo dom da maternidade :)

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  2. Os "mamãs" vão soar de muitas maneiras, passados anos vão rarear, trazer saudades, inseguranças e mea culpas, mas os teus mimos de mãe nunca serão demais.

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  3. Gosto muito, tanto de ti!

    (Vou citar este texto no Mãegyver, tem que ser, desculpa!)

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  4. Achas bonito pôr uma recém-mãe-de-gémeas-mais-um de "lágrima no canto do olho", achas?! Pois a maternidade é isso mesmo que tu descreves. Também eu me surpreendo todos o dias com o amor incondicional deles... E sim, é preciso um esforço hercúleo da mãe-pediatra para pôr a mãe-histérica no seu lugar... Bjs grandes com saudades

    Ana F

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  5. Só espero, daqui por uns tempos (que "gravidez de adopção" demora muito mais que 9 meses, infelizmente), poder ter uma história assim feliz e bonita para contar. Beijo para mãe e filho :)

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  6. Fiquei tão enternecida com a tua delícia. É maravilhoso descobrirmo-nos através dos olhos dos nossos pequeninos, somos o "tudo" deles. E eles são, agora e para sempre, o nosso "tudo".
    Um sorriso doce!

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