terça-feira, 2 de julho de 2013
[filhos do coração] coisas para pensar...
Tenho várias amigas que ponderam atualmente adotar uma criança. Cada uma por razões diferentes...
Ou porque são solteiras, ou porque têm doenças graves cujos tratamentos as tornaram estéreis, ou porque apesar de cinquenta mil tentativas (estimulação da ovulação, inseminação artificial, cirurgias de todos os tipos, várias FIV, e o diabo a quatro, ou-o-diabo-a-sete-que-um-diabo-nunca-vem-só-valha-nos-Nossa-Senhora-do-Ó-acreditem-em-mim-que-sou-versada-em-diabologia,-ou-em-diabetologia,-que-na-gíria-do-nosso-povo-é-exatamente-a-mesma-coisa-e-para-o-caso-até-me-dá-imenso-jeito), ainda não conseguiram engravidar, ou porque tiveram um primeiro filho com problemas graves e não se querem arriscar a repetir o gene que nunca se chegou a identificar, ou porque viveram uma gravidez anterior complicadíssima e não ficaram arrebatadas com a experiência de quase-morte, não lhes apetece escrever um livro sobre isso e, de facto, também não estão para se arriscar a patinar outra vez, que isto é como aquela história do Anaxágoras: se me enganas uma vez a culpa é tua, se me enganas duas vezes a culpa é minha!
Eu digo sempre que recomendo! Que é algo de maravilhoso de repente ter a oportunidade de acompanhar uma criança, recebê-la na família e vê-la crescer numa explosão de desenvolvimento, como são os primeiros meses numa casa com uma família que acolhe, estimula, aplaude e fica feliz com todas as conquistas...
Mas depois há quem diga que as motivações das minhas amigas e das pessoas que querem adotar em geral, não servem o superior interesse das crianças. Que o objetivo primordial das pessoas que querem adotar é satisfazer o desejo egoísta de ter um filho e não de dar uma família a uma criança que foi abandonada ou retirada a uns pais que a maltratavam ou negligenciavam. Que todo o processo de adoções está errado porque deveria ser concebido para encontrar uma família para cada criança que dela necessite e não "arranjar bebés" para pessoas que não podem conceber...
Não sei sequer se me deveria debruçar sobre esta questão. A vida para mim é simples demais para estarmos com estes senãos. O amor entre duas pessoas adultas é uma improbabilidade incrível. Já o amor entre os pais e os seus filhos é um milagre muito mais provável, quase garantido! O que é que interessa a motivação de uma pessoa, desde que esteja de boa-fé para aceitar a criança, seja ela como for? A relação perfeita pode não se estabelecer de imediato, claro, é preciso amadurecer o amor, deixá-lo vir devagarinho e saborear o processo. Sabemos que nem o processo, nem os pais nem as crianças são perfeitos. Mas é o processo que temos e é com as pessoas que existem nele que temos de funcionar!
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Olá
ResponderEliminarHá quem me odeie porque eu costumo repetir essa frase, "adoptar é um acto de egoísmo, tirando raras excepções, ninguém adopta porque quer ajudar as crianças, as pessoas adoptam porque em primeiro lugar querem ser pais".
É a mais pura verdade, eu conheço dezenas de pessoas que adoptaram ou querem adoptar, e contam-se pelos dedos de uma mão as que adoptaram podendo ter filhos biológicos.
É claro que isto não tem nada de errado, que interessam as motivações das pessoas?, o que interessa é que no fim as crianças são amadas e tem uma família que as deseja mesmo.
E não concordo nada que as motivações tenham o que quer que seja a ver com o superior interesse das crianças, se isso existe só tem um significado, ser amada, o resto é conversa.
Jorge
É lindo ler a tua felicidade de mãe que adoptou. Não acho também que interesse coisa alguma se se chega à adopção por isto ou por aquilo; importante é abrir o coração a esse filho que se está pronto a amar e a fazer o possível e o impossível para tornar feliz.
ResponderEliminarEu tenho um filho, lindo e saudável graças a Deus, e quero muito, muito mesmo adotar uma criança, dar uma família a uma criança que por qualquer razão não a pôde ter! Quero dar o meu amor, quero ensinar este amor ao meu filho e quero fazer feliz uma criança a quem a crueldade do mundo castigou sem motivo algum...
ResponderEliminarSe o sistema funciona mal, se há pais que adotam pelos motivos errados... Acho que ter amor para dar e uma alternativa aos lares de acolhimento onde vivem é razão mais do que suficiente pra seguir em frente...