quarta-feira, 31 de outubro de 2012

[the silver lining] a (des)humanidade da crise

 
Imagem também daqui.

Com os sucessivos pacotes de austeridade, o governo grego determinou que os cidadãos que não possuíssem seguro de saúde tinham de pagar do próprio bolso os tratamentos hospitalares... Eu e os meus colegas temos falado muito nisto. Ainda estamos longe, esperamos, de uma situação semelhante... Mas eu sei que tentaria desobedecer até que me ameaçassem de despedimento. Depois provavelmente não conseguiria continuar a trabalhar. Não foi para isto que fiz um juramento de Hipócrates! Mas houve um grupo de médicos gregos que fez muito mais do que recusar-se a trabalhar... A notícia completa está aqui, mas não aconselho a pessoas sensíveis...
Elena conta que ficou chocada por, como parte do resgate, o Estado grego ter recuado em relação a um pilar de proteção da sociedade. Mas o facto de os médicos e os cidadãos comuns se organizarem para ajudar naquilo em que o Estado falhava deu-lhe esperança nos momentos mais sombrios. "Aqui, há pessoas que se preocupam", disse.
Para o Dr. Vichas, a terapia mais poderosa podem não ser os tratamentos mas a confiança que o grupo de médicos dá àqueles que quase tinham desistido. "O que ganhámos com a crise foi termo-nos aproximado", observa.
"Isto é resistência", acrescenta, olhando para os voluntários e doentes, que se movimentam pela clínica. "É uma nação, um povo que consegue voltar a pôr-se de pé, com a ajuda que as pessoas dão umas às outras."

3 comentários:

  1. Fiz o Juramento há pouco tempo e assusta-me pensar como simples decisões tomadas atrás de uma secretária podem provocar situações tão graves... esse panorama é uma possibilidade real...

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  2. Eu, que não fiz juramento nenhum (nem farei, porque não sou de medicina), fiquei chocada com o artigo. O pior é que, com o andar da carruagem, tenho a nítida sensação que para lá caminhamos...

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  3. Sentir esta realidade como sendo também um bocadinho nossa, dói.

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