domingo, 5 de agosto de 2012

[o mato em lisboa #7] vencer a distância

Já prometi que vos voltaria a dar notícias do Lázaro, o menino Angolano internado há meses e meses no meu hospital com uma aplasia medular. Tem a mesma doença que a Arina, a menina de Cabo Verde que mobilizou recentemente a sociedade civil natural de Cabo Verde e residente em Lisboa.

O Lázaro, porém, tinha a sorte milionária de ter um irmão compatível! E o seu pai percorreu durante meses os caminhos da burocracia, da humilhação e da indiferença para tentar trazer o irmão do mato para Lisboa. "Dos pobres ninguém se lembra", lamentava-se por telefone à mãe desolada que, impotente e aprisionada no quarto do filho, rezava e via o tempo passar, enquanto o marido desesperava no caminho...

Foi então que me lembrei da minha amiga M. Não sei se já vos falei dela, meus amigos. A minha amiga M. conhece toda a gente, sabe de tudo o que se passa, é amiga de toda a gente e toda a gente lhe pede e lhe deve favores. Estão a ver a Agência Reuters? É mais ou menos ela, mas para os países Lusófonos. É uma pessoa absolutamente fantástica. Sabe sempre quem vem e que parte. Como quando e onde. É a pessoa de quem me valho quando estou preocupada com os meus afilhados em Moçambique, quando preciso de lhes enviar alguma coisa, quando me pedem algum medicamento que não existe lá, quando quero saber como está alguém. É a pessoa que tenho por garantida e com quem sei que posso sempre contar!

E foi, portanto, assim que me lembrei de pedir ajuda à minha amiga M. O Lázaro já merecia que eu a fosse incomodar mais uma vez. Enviei-lhe um SMS a explicar a situação e ela respondeu-me, simplesmente: "Diz-me como se chamam, tenta saber onde é que vivem e um ponto de referência da casa dentro do bairro".

Fomos perguntar à mãe do Lázaro. A família Mandimba vivia no Cacuaco, ao pé da Praça do Kikolo... onde quer que isso fosse. A resposta não se fez esperar: "Bem, o Cacuaco pertence à Diocese do Caxito. O Bispo é meu amigo!" Ah... a M. no seu melhor!

O Bispo do Caxito era amigo da minha amiga M. Afinal havia esperança!

(continua...)

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