quarta-feira, 2 de novembro de 2011

[welcome to mozambique] o terramoto de 2006

Nessa noite a terra tremeu. Violentamente. Um terramoto de 7,5 na escala de Richter, com epicentro em Manica, a 800 km do jardim da casa das Irmãs, onde eu passeava, olhando a lua e namorando a noite negra e tórrida do Cruzeiro do Sul. Nesse momento pensava na Inês e no Sr. Rafael, os dois doentes a meu cargo, tentava mentalizar-me de que tudo haveria de correr bem e que, se só tinha aquelas armas para combater as doenças, eram essas armas que haveriam de funcionar!

Maputo abanou violentamente. A força do terramoto teria sido suficiente para arrasar a cidade, se Maputo fosse mais perto de Manica. Felizmente o epicentro foi numa zona de palhotas, casas térreas e de densidade populacional muito baixa. “Estragos apenas materiais em todo o país”, garantiam as notícias que no dia seguinte interrompiam a emissão da TVM a cada instante e me deixaram colada à televisão durante o mata-bicho. Havia o relato de dois feridos, um que, com o pânico, saltara pela janela do primeiro andar onde se encontrava e outro que caíra das escadas ao tentar fugir para a rua transportando uma pesada peça de mobiliário. Nampula quase não tremeu. Só os cães e os galos é que acordaram de repente, por pouco tempo. Eu, felizmente não dei conta de nada. Só soube meia hora depois, ainda nessa noite, quando a minha irmã me telefonou com uma voz apavorada:

– P., houve um terramoto! Está tudo bem?

Tive um baque no coração. A voz tremia-me… Eu tão preocupada com a minha vidinha e todo o meu mundo em risco de desabar…

– O quê? Houve um terramoto? Vocês estão bem?
– Não. O terramoto foi aí!
– Aqui? Não, aqui não houve terramoto nenhum!
– Houve sim, deu agora nas notícias, com epicentro no Chimoio.
– Bem, não senti nada, fica descansada que por aqui está tudo bem! Ah, mas agora que falas nisso, há pouco ouvi de repente os cães a ladrar. Deve ter sido isso…
– Óptimo! Então vai lá dormir… Mas ainda estás acordada a esta hora?
– Grande lata, telefonas-me a esta hora e depois refilas que estava acordada! Mas sim, claro que estava. Eu e tu somos aves da noite! Vai dormir também.
– Boa noite.

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