domingo, 20 de fevereiro de 2011

[lascia la spina cogli la rosa] das coisas que me doem...

Aprendendo os números na melhor escola das redondezas. Tinha quadro e giz, mesas e cadeiras e o pavimento e as paredes de pedra e cal... E professores tranquilos.
(Murrupula, Nampula)

Há coisas que genuinamente me deixam triste em Moçambique... As práticas de extorsão e exigências de favores sexuais por parte dos professores para aprovar os alunos ou até para fazer com que as notas merecidas apareçam na pauta desgostam-me como quase nada me consegue desgostar no país que eu amo. Em tudo o resto geralmente consigo dar a volta por cima e pensar precisamente que aquele é um país fantástico, que adoro como a um filho e aceitar a realidade. Se não há sistema numa repartição pública e tenho de lá voltar cinco vezes para pagar alguma coisa, tudo bem, algum dia há-de chegar a minha vez de conseguir. Se não há reagentes no hospital para fazer uma análise, pronto, passa-se sem ela e tomam-se decisões de acordo com o pior dos cenários para não corrermos riscos. Se as estradas estão péssimas e as pontes correm o risco de ruir, eu lembro-me da máxima de um amigo meu, natural da Guiné: "Eu já desisti de me enfurecer... quando vejo estas situações, respiro fundo e penso: Isto não é revoltante, é exótico!"

Mas neste caso não consigo... Quando vejo mais uma menina adolescente grávida ou infectada pelo vírus da SIDA ou com o coração destroçado após ter sido obrigada a ter relações com um professor só me apetece mandar tudo às urtigas... Ir-me embora para não ver vidas destruídas por inconsequências, prepotências e irresponsabilidade! Ou mandá-las a todas para casa das Irmãs, que são umas autênticas guerreiras a defender as suas meninas, com garras e unhas e dentes e leis e até prisão se for preciso! Se cada uma tivesse um padrinho, ou um anjo da guarda...

4 comentários:

  1. Até me arrepiei! Raios partam esses gajos. Não se pode fazer castração química a eito? Pelo sim pelo não acho melhor terem madrinhas...

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  2. Nem sei que te diga... Se ao menos tivessem quem se interessasse por elas e lhes dissesse que nenhum daqueles comportamentos que lhes pode destruir a vida é aceitável...

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  3. E como é que podemos de facto ajudar? Como é que amadrinho uma, uma só que seja, a partir de cá, que é longe?

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