domingo, 11 de março de 2012

[o mato em lisboa #5] o irmão do lázaro

(continuando...)

Ora então, o irmão do Lázaro, o Lito-aliás-Alexandre, não estava registado... Tinha-se dado o milagre de o Lázaro ter um irmão compatível. O milagre por que milhares de pessoas todos os dias anseiam: ter um dador de medula óssea! Mas o milagre permanecia longe, adiado... inacessível.

O Alexandre precisava de ser enviado para Lisboa o mais rapidamente possível para que o milagre se consumasse, mas os quase 6 mil quilómetros haveriam de se multiplicar por dez, por cem, por dez mil... a distância entre dois continentes tinha um oceano de burocracia cega e corrupta pelo meio, 6 mil quilómetros de calvário por entre desprezo, indiferença e desconhecimento. Sem dinheiro para fazer o processo andar, o pai do Lázaro só tinha a fé e o amor pelo filho para o animar no caminho monótono, diário, obstinado, para as filas intermináveis das repartições...

E o ritmo da burocracia, já o conhecemos... é sempre o mesmo. Descreveu-no-lo o André, do Tertúlia Africana, num texto genial, que já partilhei na íntegra convosco:
"Segunda-feira é o inicio da semana, ainda nada está pronto. Quinta-feira é véspera de sexta e amanhã já vai ser difícil. Sexta-feira é sexta-feira e agora só na segunda. Restam dois dias, terça e quarta, para servir, satisfazer e cumprir. Mas nesses dias o chefe ausentou, o sistema está em baixo ou, mortiferamente, como um punhal, «hoje não há-de ser possível»!
(continua... espero...)

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