sábado, 11 de junho de 2011

[nomes que dizem tudo #21] o meu blog dava um programa nacional de vacinação

(continuando...)

Mas estava eu para aqui a teorizar sobre os nomes e a saúde das crianças... Eu diria mesmo, embora não apoiada em qualquer estudo randomizado, já que nenhuma comissão de ética aprovaria esta experimentação humana de alto risco, que a lista dos nomes admitidos e não admitidos é um dos grandes responsáveis pela diminuição drástica da mortalidade infantil nas últimas décadas!

E ainda assim, mesmo orientados por uma lista quase exaustiva, é possível cometer muitas atrocidades, meus amigos! Não só pelas combinações que não lembrariam ao menino Jesus, mas também porque os nomes admitidos estão cada vez mais improváveis. Qualquer dia isto já é como no Brasil, onde se pode tranquilamente chamar "Um Dois Três de Oliveira Quatro" a um filho sem a conservadora do registo poder fazer o que quer que seja para impedir os eufóricos pais...

É que há nomes que à partida nos fazem sentir que algo vai correr mal com a criança... Sinceramente... Por exemplo, acham que uma Odete Soraia podia correr bem? Ou uma Catalina Cinderela? Ou uma Jessica Ariadne? Alguma destas crianças poderia ter uma saúde de ferro? Não, meus amigos, uma Odete Soraia nunca poderá ter uma saúde de ferro. Do mesmo modo, que dizer de um Dhruva ou de um Siddártha? É que uma coisa é termos na consulta um Dhruva de dois aninhos, filho de um Pranjhal e de uma Fati, ambos naturais do Bangladesh... Este menino só tem habitualmente uma ou outra doença típica da infância, uma otite aqui e ali, a varicela da praxe e, num rasgo de maior azar, pode um dia partir a cabeça enquanto sobe a uma cadeira para ir buscar a lata dos rebuçados na prateleira mais alta da cozinha. Mas sabemos que vai tudo correr bem.

Outra coisa muito diferente, meus amigos, é termos um Dhruva dos Santos, filho de um André Filipe e de uma Andreia Vanessa, ambos vegetarianos estritos e fervorosos adeptos da homeopatia. Aí a coisa fia mais fino. Aí podemos ter a certeza de que alguma coisa vai dar para o torto mais tarde ou mais cedo! Para além das doenças horríveis que costumam acometer os azarados de nascença, estes acabam habitualmente por ter anemias de caixão à cova porque nunca comeram carne na vida, otites supuradas com surdez precoce porque nunca tomaram um antibiótico, papeira aos 15 anos com risco de ficarem estéreis porque não fizeram qualquer vacina e são os primeiros a ficar obesos na adolescência porque depois de descobrirem o MacDonald's nunca mais querem outra coisa... Ah, e há uma epidemia de sarampo na Europa*. Também são sempre estes os primeiros na linha de ataque...

Mais palavras para quê?

* Nunca é demais frisá-lo: este blog é um fervoroso adepto da vírgula de Oxford. Entre outras inutilidades...

5 comentários:

  1. Querida BdM,
    Nenhum, mas nenhum blog por essa blogsfera adentro ou afora tem a capacidade de, como este, ora me apertar a alma num nó à lais de guia, ora me fazer rir à gargalhada. Ah que delícia.
    Obrigada, obrigada, obrigada!
    Um sorriso cheio de riso (e pouco siso)!

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  2. Obrigada eu, minha querida Bê!
    Beijinhos...

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  3. Olá,

    Nem sei bem como cheguei aqui, mas também não sei se rio ou choro por causa do post, rsrs. Realmente, o estilo de vida dos pais influenciam muito a saúde dos filhos.

    Um abraço e bom fim de semana!

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  4. Cada um é pró que nasce.
    Há quem nasça com o carimbo do sofrimento gravado não na testa, mas no seu cartão de cidadão.
    Que o diga - um dia dirá - a Lyonce Viktórya, filha dos mediáticos Luciana Abreu e Yanick Djaló.
    Pobre criatura...

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  5. olá, beijo de mulata! adoro os nomes (portugueses) que tu apanhas, é inacreditável! o máximo que consegui, da minha curta experiência, foi pequena "Jade" (ou semelhante)porque a mãe viu numa novela e gostou muito...quanto às restantes influências de pais, a propósito das notícias do sarampo, há uns tempos ouvi uma mãe a falar na televisão, adepta fervorosa da não-vacinação (por causa dos autismos e outras coisas não provadas...) e fiquei chocada com a convicção. são mães que lêem estudos acesíveis na internet e tiram as suas próprias conclusões. pergunto se temos nós cadeiras de epidemiologia e outras para nos ensinar com os p's significativos e chegamos ao final com a sensação de que ainda não percebemos realmente bem os estudos randomizados e outros, como acham estas mães que podem, sem bases, discernir os "bons" e "maus" estudos? tristes os que são ignorantes? ou os filhos deles...

    (necessidade de falar de quem está em época de exames! percebes, suponho :)

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