domingo, 16 de fevereiro de 2014

[vozes brancas] vamos fazer um piquenique!

Há algumas semanas, eu estava de saída de um banco de inverno particularmente chuvoso e griposo, em casa, exausta, a tomar conta do baby-de-mulata e de Baby M., o primo quase-gémeo do meu filho, à espera que a empregada chegasse para lhes dar o almoço, que eu sozinha nestas alturas não consigo....


Eles estavam divertidíssimos a brincar gatinhando num túnel, que ora era o acesso ao castelo, ora era o "túnel do tempo", que desembocava na piscina de bolas, pomposamente apelidada de Algarve: "Vamos para o Algarve, adeeeeeus!". Atividades estas que iam intervalando com miminhos à mamã/ titi (nomes que me dão indistintamente, dependendo que qual me chama primeiro. Ou para onde lhes dá, ainda não percebi bem).


Nisto, depois de uns beijinhos e festinhas particularmente carinhosos, adormeci consolada no sofá, embalada pelas gargalhadas felizes dos meus amores.


Dez minutos depois (conforta-me a consciência pensar que foram apenas dez minutos, mas não tenho qualquer argumento, mesmo circunstancial, que o prove), acordei com gargalhadas vindas de mais longe e com Baby M. a dizer qualquer coisa como: "Sim, mais!"


- Meninos, onde estão? - perguntei do sofá, ainda esperançada de que estivessem apenas a brincar noutro sítio. A resposta foi aquele "hihiiiii" nervoso, que eles fazem quando são apanhados com a boca na botija e que me faz sempre tremer quando o oiço... Desta vez vindo da cozinha. Pronto, não havia nada a fazer: estava o caos instalado, valesse-me São Brás!


Pois que chego à cozinha e vejo uma toalha no chão, os babies sentados à chinês, um de cada lado, e com uma quantidade incrível de comida espalhada pelo chão, as bocas sujas de uma amálgama quase indistinguível de Cerelac, cereais, frutos secos e doce de morango. Bancos colocados em frente ao frigorífico e às prateleiras da despensa denunciavam que os meus talibanzinhos tinham planeado deliberadamente o ato ilícito.


Pelo chão noto uma tentativa de bolo: pão, Cerelac, azeite e por cima, como meninos gourmet que são, umas ervinhas da Provença para temperar o cozinhado.


- Meninos, o que estão a fazer?
- Asneiras, mamã! Mas é um piquenique!


Alguém resiste? Ainda hoje estou a sorrir para dentro!

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