Serviço de Urgência, quinta feira passada. São 16:00 num dos dias mais movimentados do ano. Há trinta crianças que aguardam ser vistas, várias delas classificadas como urgentes ou muito urgentes. Temos duas horas e meia de espera para os não urgentes. Eu estou quase pelos cabelos. Não almocei, que não tive coragem de deixar a equipa mas estou quase a capitular. Decido que vou ver só mais um menino não urgente e depois vou mesmo ter de ir comer qualquer coisa...
Chamo o menino que segue. Tem quatro anos e entra-me no gabinete ostentando, orgulhoso, a sua pulseirinha verde, que para nós quer dizer "Não Urgente", mas que para ele quer dizer "Spooorting!". Olha para mim, tira-me as medidas e pergunta:
- Tu és médica do cérebro?
- Não, meu querido, sou médica de meninos. Mas porquê?
- É que eu preciso muito de uma médica do cérebro.
- Ah, está bem, daqui a nada já vou ali chamá-la - franzo o sobrolho e troco um olhar com a mãe, tão espantada como eu: o relatório de triagem dizia apenas que o menino vinha por ardor a urinar -, mas o que é que se passa contigo?
- É que o meu cérebro deve estar baralhado. Eu sinto vontade de fazer chichi a toda a hora, mas não sai nada da minha pilinha. E quando sai chichi, arde-me!
Eu e a mãe íamos rebentando a rir, mas contivemo-nos!
- Ah, olha, querido, eu acho que é o teu chichi que deve ter um micróbio e isso que deve estar a baralhar o teu cérebro.
- Ah...
- Vamos fazer uma análise ao teu chichi.
- Uma quê?
- Uma análise.
- Vão ver o meu chichi ao microscópio?
- Isso mesmo!
- Também posso ver?
- Claro! Eu depois mostro-te uma fotografia do chichi ao microscópio.
- Boa! Vamos então!
[Que maravilha! Vai longe, este miúdo!]
Ahah! Tão esperto ;)
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