quarta-feira, 6 de março de 2013

[sobreviver à primeira infância] acidentes e segurança



Disclaimer: Meus amigos, vocês sabem que eu não gosto de falar de coisas sérias aqui no mato, por isso, este post também não será uma lição de sapiência sobre puericultura. Eu só faço serviço público muito de vez em quando e sempre por motivos de força maior, como naquela vez em que a querida Sónia Morais Santos confessou o seu receio de ir a casas de banho em bombas de gasolina... Por isso, se buscam literatura sobre acidentes e segurança na primeira infância, podem seguir viagem agora mesmo.

Há tempos, na consulta dos 12 meses de uma menina bem-disposta, palradora e com um desenvolvimento acima da média, falávamos da introdução dos sólidos na alimentação, abordei os receios dos pais, falei dos riscos de engasgamento e estivemos a rever as manobras básicas de reanimação em caso de obstrução da via aérea. Falei sobre os cuidados a ter e como evitar os acidentes, encorajei-os nesta nova etapa:

- Ela ainda não tem mais do que dois dentes incisivos, mas já tem capacidade para mastigar coisas moles, por isso não tenham receio...
- Sim, doutora - respondeu o pai -, isso é verdade, e coisas duras também! No outro dia fui dar com ela a mastigar uma casca de noz há horas...

A mãe olhou-o (e se o olhar matasse, tinha mais uma certidão de óbito para passar ali mesmo, para além das receitas - de culinária e das outras):
- Uma casca de noz?! Como assim uma casca de noz?
- Ó querida, abri-lhe a boca para ver o que é que ela tinha lá posto e descobri uma casca de noz, que ela devia ter encontrado debaixo de alguma coisa...
- Já reparaste que estas coisas só te acontecem a ti? E porque é que não me disseste nada?

Resolvi pôr água na fervura:
- Pois, todo o cuidado é pouco, mas tiro-lhe o chapéu! Como é que deu conta que a sua filha, a gatinhar no chão e entretida com os brinquedos, tinha alguma coisa na boca? É preciso muita perspicácia!
- Não doutora, é que a miúda sai à mãe, é uma tagarela de primeira, não se cala um segundo. Eu estava a ler o jornal e de repente reparei que ela estava calada há muito tempo. E vai daí soou "aquele alarme"..

Olhei-o, incrédula: ele não estava a dizer aquilo, não podia ser! Mas ainda continuou:
- Se fosse a mãe era porque estava amuada de certeza... A menina não devia estar amuada comigo, mas estranhei na mesma. Fui averiguar o que se passava e encontrei-lhe a casca de noz dentro da boca.
- Bem, isso é verdade, é mesmo desde o berço. Quando uma mulher está muito tempo calada, há sempre alguma coisa de errado.* Bem, neste caso tudo correu bem, mas é melhor pedirem à empregada para limpar o chão e debaixo dos móveis todos os dias - e apressei-me a mudar de assunto, antes que o casamento acabasse ali mesmo.

*Aprendam, senhores!

10 comentários:

  1. Ensinas-me aquilo das "manobras básicas de reanimação em caso de obstrução da via aérea"?

    Estou a falar a sério.

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    1. Claro que sim, não tem ciência nenhuma! Vou procurar um vídeo no Youtube para te mostrar (deve existir, que o youtube tem tudo).

      (um) beijo de mulata

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  2. isto são pérolas, mulher. e digo-te mais, se este casamento não deu barraca ainda é graças ao sentido de humor desse pai :)
    (but then again, o que sei eu?)

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    1. Não tenhas dúvidas, DN, não tenhas qualquer dúvida mesmo! But then again, eu apenas sei de amores à primeira vista bem sucedidos, não sei nada sobre casamentos...

      (um) beijo de mulata

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  3. Esse jovem Pai ainda não sabe que há verdades inconvenientes, lolll

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  4. hehe adorei a história xD

    http://notasessenciais.blogspot.pt/

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  5. É uma verdade absoluta.
    Lá em casa, quando o traquinas está quieto ou calado é porque está a aprontar alguma.
    E bate sempre certo!
    Silencio? O que está o pestinha a fazer?
    Curiosamente é rapaz! Com a minha pipoca também aconteceu mas não tanto. Era mais sossegadinha.
    Esse papá vai ter de aprender a desabafar noutras ocasiões.
    Ainda se mete em trabalhos.
    Qualquer dia é a mulher dele que estranha o seu silêncio.
    ahahahah

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  6. Lindo. Passei por tantas dessas e com o marido a "enterrar-me" ainda mais.
    Que saudades desses tempos em que os "pequenos" grandes eram mesmo pequenos.
    Gostei de te ler, vim para voltar. Vou seguir.
    Bjs

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  7. Gostava imenso de ver esse vídeo! É das coisas que mais me assustam! Além disso e uma vez que regressei a Luanda com o Gui com 6 meses gostava de saber a tua opinião sobre alguns assuntos "africanos" como vacinas de ca, introdução de fruta de ca etc...

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  8. :) Engraçado foi ter batido certo com a dedução dele que algo se estaria a passar só pela menina estar calada...

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