Padrão de uma capulana
Decidi, desde o primeiro dia do baby-de-mulata nesta casa, manter um programa diário de exercícios africanos. A noite não é exceção. Tenho sempre uma capulana para o tapar e servir de resguardo na cama de grades, que serve também para qualquer eventualidade: usamo-la como pano de tourear nas noites de insónia e agitação, para limpar lágrimas e babas nas raras noites de birra, enxugar salpicos de água ou leite, para cobrir os bonecos nas brincadeiras de esconde-esconde. Em último caso, em algumas noites de festa brava, a cama transforma-se na casota de um cão de guarda feroz e a capulana faz de teto dessa casa quentinha e acolhedora, que acaba, enfim, por chamar um sono tranquilo...
Qualquer menino moçambicano que se preze sabe que pode usar a seu bel-prazer todas as capulanas de sua mãe. Por fim, depois de todas as loucuras e touradas, despeço-me com o último momento de inculturação do dia: "Boa noite! Não deixes que os mosquitos te piquem!"
Uma capulana pode de facto ser tudo. Que delícia de post.
ResponderEliminarMoçambique, Moçambique, que saudades. Há mais de 10 anos que não vou lá e tenho tanta vontade de voltar.
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