quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

[comentários que valem um post] sobre a pêpa desta semana, um tal de henrique

[O título é da Maria Bê, nossa correspondente no Arizona, mãe de duas crias adoráveis e mulher de um fabuloso caçador de escorpiões.]
 
Diz Jorge Soares, vizinho deste mato e dono d'"O que é o jantar", a propósito da minha fúria de anteontem:
Tenho um filho hiperactivo. Durante muito tempo pensei como esse senhor: achava que a solução para o problema não eram os psicólogos e pedopsiquiatras. Apesar dos diagnósticos de hiperactividade, défice de atenção e dislexia, eu continuava a achar que o que ele precisava era de regras e mão dura, que o que tinha funcionado comigo, que era uma criança normal, também ia funcionar com ele.
Um dia acordei às cinco da manhã e cheirou-me a fumo, levantei-me e fui dar com ele a fazer uma fogueira debaixo do edredão. Nesse dia percebi que há coisas que estão mais além das regras, das sovas e dos castigos... e que não, que eu não ia conseguir resolver o problema, porque não é um problema que se resolva com educação, é uma doença e as doenças devem ser tratadas.
O texto não me estranha nada, por vezes falo da hiperactividade no meu blog e há sempre alguém que vem dizer algo parecido com o que diz este senhor, há muita gente que pensa como ele... infelizmente.
 
Mais achas para a fogueira aqui e aqui...

6 comentários:

  1. Depois de ler aquela carta da mãe para a escola, fiquei com o coração a sangrar...
    Não sei como seria a minha reaçao se algo parecido acontecesse com as minhas filhas. Já discuti com um "rapaz" por ter a mesma opinião que o Sr. Henrique. O tal "rapaz" dizia que devia ser proibido crianças em restaurantes e cafés, porque fazem barulho. Frustrados são o que são. Um dia quero vê-los com as suas criancinhas aos "berros" e ver alguém a repreende-los.

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  2. Sem discordar, deixo um artigo recentemente publicado na Visão: http://visao.sapo.pt/tratamentos-contra-defice-de-atencao-e-hiperatividade-retardam-crescimento=f707731#ixzz2Ic5hf8Jr

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  3. Isabel, é algo do que temos consciência, pelo menos lá em casa nós temos, tanto a Ritalina como o Concerta, só para falar dos dois mais comuns, tem efeitos secundários. Tiram o sono, o apetite, tem efeitos no crescimento, no desenvolvimento, entre outras coisas, por isso é que tentamos ao máximo dar só em alturas escolares, não damos ao fim de semana nem nas férias... mas não sabe a inveja que tenho de aqueles pais que tem filhos normais e portanto podem ter umas férias normais e descansadas, e não chegam a meio a desejar que as férias terminem rapidamente para podermos voltar a ter a situação mais ou menos controlada.

    Jorge

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    1. Bem, eu pertenço à corrente dos que acham que se as crianças não têm férias da doença também não devem ter férias da medicação. Mesmo que retarde o crescimento, efeito muito conhecido desde há mais de 15 anos, acabam por crescer durante mais tempo e atingem a estatura esperada para o seu potencial genético. E sinceramente, menos dois ou três centímetros não fazem mais por uma auto-estima do que uns pais felizes com o comportamento deles. Vale mais um elogio, uma boa preparação humana e académica do que baixa auto-estima e sensação de que não se consegue controlar o comportamento.

      Já o sono tem mais que se lhe diga, mas para os que têm aulas à tarde ou, pelo menos nos dias dos testes, podem tomar uma dose de acção curta... Enfim, temos de jogar com as armas que temos. Jorge, já leu o "Mal-entendidos" do Nuno Lobo Antunes?

      (um) beijo de mulata

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  4. Acho, e é só a minha mera opinião de mãe e cidadã, que damos demasiada importância a coisas das crianças que antes não se dava, eu cresci livremente e alguém criticava ou chamavam assitentes socias, agora por qualquer coisa é pq a criança tem problemas, ou os pais ( e aqui me incluo pq não sou melhor que ninguém), ou a sociedade e esquecem-se o que é ser criança pq ao precionarmos ou protegemos demais as crianças deixam de sabe comportar-se como tal.

    Depois tb há algo que nao entendo se é uma criança da cidade aos berros num café ou é pq tem um problema, ou têm os pais, ou é falta de educação, mas se for numa localidade mais isolada e a criança está calma no mesmo ambiente, é pq tem problemas, o têm os pais pq não é estimulada e tem falta de cultura....enfim ninguém se entende.

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  5. Infelizmente. Há de tudo, pais que se escondem na suposta hiperactividade para não educar e crianças hiperactivas que precisam de ajuda da família e de profissionais.
    vidademulheraos40.blogspot.com

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