Digam-me se não é uma delícia a escolinha comunitária de Murrupula? Construída com donativos e com contribuição da própria comunidade. Mão de obra local. O pintor é o celebérrimo Chico, que foi de Nampula de propósito para pintar as paredes da escolinha voluntariamente.
As crianças vão à escola e ali, em vez de ficarem o dia inteiro sem comer e entregues a si próprias, brincam, dançam, cantam, aprendem a falar português... Algumas têm padrinhos em Portugal, em Itália, em Espanha, que colaboram com as Irmãs. Outras os pais têm possibilidade de pagar e ajudam as outras crianças da comunidade a integrar-se na escola. Assim, quando chegam à primeira classe não aprendem a ler e a escrever numa língua totalmente desconhecida.
(Escolinha Yo Mussi, Murrupula, Nampula)
Sim, eu sei que estou sempre a dizer o mesmo, mas as escolinhas são uma ideia vencedora contra o insucesso escolar e a iliteracia em Moçambique, sobretudo nas comunidades em que a língua predominante não é a oficial. Choca-me que as crianças desfavorecidas não tenham acesso a livros em casa e que comecem do zero absoluto no que toca a aprender a ler, mantendo o ciclo de pobreza. Se as nossas crianças, que nascem rodeadas de letras e números e têm livros desde os seis meses às vezes têm dificuldade em aprender, como poderemos mandar estas para a escola só aos seis ou sete anos, sem ideia nenhuma do que lá vão fazer e sem saber falar a língua em que vão aprender?
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