Um xirico, ave canora de Moçambique.
Quem quiser ficar encantado pode vir aqui ouvir o seu canto lindíssimo...
(Imagem encontrada algures no google)
umBhalane foi a primeira pessoa que, no ano passado, chegou aqui ao mato para vir ver o que se passava com um inusitado beijo de uma mulata, que no fim de contas era apenas uma flor selvagem, venenosa e ubíqua, vítima de ilusões, encantos e saudades. E de equívocas pesquisas no google. Diz-me que às vezes voa por aqui... Ontem perguntei-lhe a origem do seu nome peculiar e ele contou-me esta história linda, que eu achei uma pena ficar escondida na gaveta dos comentários...
umBhalane, em Zulu, é xirico, canário de Moçambique, ave canora de primeiríssima qualidade, e com quem tenho grande afinidade. Em muana* tive vários, sendo que os machos, como é normal no reino das aves, é que melhor cantam.
Os trabalhadores sazonais da alta Zambézia (Maganja, Mulevala, Ile, Alto Molócuè, etc...), alguns deles, traziam consigo um destes exóticos pássaros, e hoje compreendo bem o porquê.
E não os vendiam por nada deste mundo.
Aprendi cedo, compreendi, o significado de "desterro", o apego à terra de origem, ao lar. O xirico que traziam, e guardavam com mil cuidados em pequenas gaiolas, idênticas à que se usam para os pintassilgos cá em Portugal, mas em colmo, meticulosamente construídas, era o "link" a casa, à família,...
E quando deambulava nos acampamentos desses sazonais trabalhadores, de ginga, provocava-os com ofertas mirabolantes pelos "pavarottis" que possuíam e, já no gozo, respondiam-ea rir, cheios de orgulho xiriquiano.
E no Moçambique para Todos (blogue) tentaram silenciar-me, não o editor, mas uns "democratas libertadores" de Maputo.
Comentaram com o meu antigo "nick", muito a despropósito, e resolvi que nunca me iriam calar - adoptei então o xirico - umBhalane. E canto...* Do Macua, mwana, que quer dizer "criança".
Como não sou fã de aves engaioladas, sou a primeira aprecidora destes pequenos seres canoros ao ar livre, e se eles cantam bem, mesmo no meio da cacofonia dos motores e gentes da cidade das acácias!
ResponderEliminarE sou a primeira a perceber este apego aos seres alados, já que tenho um ninho de corvos (pelo barulho e restolhar de penas só podem ser corvos) mesmo do outro lado da minha parede do quarto e confesso que à noite fico acordada só para os ouvir (eles são mais activos às noite)... Que emoção quando percebi que os ovos tinham eclodido e os bebés estavam bem e famintos! que companhia reconfortante nas noites mais solitárias longe do meu ninho...
Um beijo da cidade da acácias.
Surpresa boa!
ResponderEliminarE teceu uma linda estória, como de costume.
E fico sem jeito, como dizem os Brasileiros.
Ruiva, que coisa boa! Ainda bem que já está aculturada... Eu, desgraçadamente, nunca me dei conta de que existiam umBhalanes por esse mato fora, se bem que o canto que hoje fui procurar me soou estranhamente familiar...
ResponderEliminarumBhalane, eu é que agradeço. Muito!
(um) beijo de mulata