segunda-feira, 29 de outubro de 2012

[zambézia revisitada] histórias para o baby-de-mulata




 Houve tempos em que a viagem dos meus sonhos era ir até às plantações de chá do Gurué, perto das margens do rio Zambeze... Um dia hei-de voltar... com o baby-de-mulata!
(Gurué, Zambézia)

Como pano de fundo, o verde arrebatador e o mito da origem do primeiro homem mesmo ali ao lado, nas nascentes do Monte Namuli. Segundo a lenda macua, foi precisamente aqui que tudo começou, e o primeiro homem terá surgido na bruma de uma madrugada glaucomatosa, coberto de capim e de folhas, germinado a partir das raízes de um embondeiro e, depois de um urro original que tenho para mim que só não faz parte do mito porque ainda não estava lá mais ninguém para ouvir (porque homem que é homem grita quando nasce, e o primeiro homem só pode ter gritado de prazer olhando aquele céu de paraíso), depois de agradecer a Muluku, o Deus dos antepassados e beber das águas perfumadas das montanhas*, desceu calmamente em direcção à planície e começou a espalhar a sua semente pelo mundo.

(Adenda, por respeito à Prof. Doutora Ruiva, amiga deste mato: gostava que existisse um mito de origem da primeira mulher, mas suspeito que o primeiro homem macua se teve de desenrascar sozinho...)

*Que séculos depois alguém venderia sob a designação comercial genericamente inflaccionista de águas gourmet.

4 comentários:

  1. Eu não quero ser chata, mas espalhar a semente com quem?!? Se era o primeiro e único homem...

    Beijo da cidade das acácicas. :D

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  2. Pronto... Já entendemos porque é que o tipo se teve de meter no chá... Nada como chá para acalmar os nervos que as dores nas mãos devem ter provocado!...;D

    Beijos da cidade das acácias!

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  3. Não sei o que é mais bonito, se a lenda, se a paisagem :-)

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