terça-feira, 28 de setembro de 2010

[lamúria em dó de mim] estou com a cabeça em áfrica



Sinto-me estranha de cada vez que tomo um banho de água quente... Comovo-me com a água nas torneiras. O próprio facto de existirem duas torneiras gémeas na banheira me emociona profundamente. Inspecciono o chão e as paredes da casa-de-banho quando me estou a despir porque ainda não me passou a imagem de todos os bichos que se cruzaram comigo nessas circunstâncias e me fizeram brotar várias vezes, das profundezas da alma, um quase dó sobreagudo. Num vibrato aflitivo. É em momentos como estes que se descobrem profundidades de carácter nunca antes suspeitadas... Ofendo-me visceralmente se não me colocarem doce de manga na mesa do pequeno-almoço. A própria expressão pequeno-almoço me soa despropositada (para quê tomar um cinzentão de um pequeno-amoço quando o verbo mata-bichar nos pode fazer sorrir gratuitamente?). Só entro no carro pelo lado certo porque era quase sempre a R. a conduzir. Ou a Irmã Lurdes. Mas, mesmo assim, a disposição do carro e das estradas está profundamente errada...  Ainda tenho o gesto automático de tentar matar todos os mosquitos que me passam pelos olhos e lembro-me de procurar o repelente sempre que anoitece. Fico confusa quando oiço carros a passar durante a noite ("Quem será a chegar a esta hora?!"). Sobretudo angustia-me a perspectiva de os dias, as horas, a vida terem menos sentido deste lado do mundo...

6 comentários:

  1. Mas és mais rica por ter tido essa experiência... espero um dia poder tê-la também.
    E, quem sabe...? o destino te conduz lá de novo...? :)))

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  2. Minha querida Mag, é essa esperança que me mantém viva por enquanto...

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  3. Ponha sua mágoa a render, Moo, é a única maneira.

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  4. Sei tão bem esse teu sentir..... A magia dos interuptores que dão sempre luz paga-se com o mata-bicho de cimento chamado de pequeno-almoço e que se toma no café, em pé, e sem tempo para palavras.

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  5. Ai de mim que só me resta ler e sentir estas belas palavras são claras.Não conheço a magia de África, que tu, beijo de mulata trazes até nós. Talvez o mais semelhante, para mim, tenha sido ter vivido sozinha numa quinta de dois hectares e meios com os meus dois filhos, onde nunca me senti só e sempre em profunda comunhão com os sons da natureza. E quanto aos mosquitos: não havia maneira de ver se eram machos ou fêmeas? Também matavas os machos?

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  6. No que toca a mosquitos não sou sexista. De todo. Matava machos e fêmeas por igual, até porque não os distinguia... e digo mais, se houvesse dos assim-assim, como as abelhas, também não me escapavam!
    Beijinhos

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