domingo, 26 de setembro de 2010

[áfrica, meu amor impossível]



(Gilé, Zambézia)

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

Mia Couto in Raiz de Orvalho e Outros Poemas

8 comentários:

  1. como jovem fã estava a roer as unhas por novo post

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  2. Obrigada... Só mesmo um comentário destes para me fazer sorrir por ter voltado. Os amores impossíveis doem demais!

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  3. AH! Que pena!
    Então ÁFRICA está em "stand by"!?!?
    Pelo que fui lendo a experiência foi muito rica e inesquecível, imagino a tristeza e a saudade....
    Foi muito bom ler os post.
    xx

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  4. Prima,PRIMA!!!!!!! Não há amores impossíveis! Simplesmente, alguns amores dão mais "trabalho" que outros! Mas só os amores verdadeiros( aqueles que são mesmo difíceis) ficam, para sempre, no coração!

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  5. Não podias estar mais certa! Mas dói tanto...

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  6. Prima, prima.... a dor, ao contrário da saudade, é psicológica!

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  7. Não é, não Mariana... lamento mas eu conheço essa dor e é bem física! É um aperto no peito cada vez que a ideia de não a voltar a ver, a África digo, surge na cabeça...

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  8. Ladies, please! Aperto no peito é angina, é enfarte, ou é assalto com faca no peito...

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